20/03/2022 - 11:42
Segundo denúncia do Parlamento ucraniano e autoridades em Mariupol, milhares de pessoas teriam sido levadas à força para cidades russas, onde receberiam status de “refugiados” e seriam indicadas para postos de trabalho.O Conselho Municipal de Mariupol afirmou que o Exército russo deportou à força milhares de ucranianos para cidades na Rússia. “Durante a semana passada, vários milhares de residentes de Mariupol foram deportados para o território russo”, afirmou o órgão em mensagem divulgada no Telegram neste sábado (19/03).
“Os invasores retiraram ilegalmente pessoas do distrito de Livoberezhny e de um abrigo em um ginásio de esportes da cidade, onde mil pessoas (na maioria, mulheres e crianças) se abrigavam dos bombardeios constantes”, dizia a mensagem.
As autoridades acusam Moscou de cometer crimes de guerra, ecoando as declarações anteriores do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Ele disse que os ataques a Mariupol são atos de terror que “serão lembrados pelos próximos séculos”.
As acusações não puder ser verificadas por fontes independentes, Este, porém, é somente um entre vários relatos sobre residentes de Mariupol sendo transportados à força para a Rússia, onde são classificados pelas autoridades como “refugiados”.
A comissária de Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, Ludmila Denisova, afirmou que as pessoas deportadas foram levadas para campos de triagem, onde soldados russos verificavam seus telefones e documentos.
“Após a inspeção, eles eram transportados para Taganrog [na Rússia] e enviados por trem para várias cidades russas em depressão econômica”, escreveu, também através do Telegram.
“Nossos cidadãos receberam documentos que exigem sua permanência em determinadas cidades. Eles não têm o direito de sair por pelo menos dois anos, com a obrigação de trabalhar em locais específicos”, afirmou, sem apresentar evidências.
Denisova acusou a Rússia de graves violações das leis internacionais e da Convenção de Genebra, e pediu à comunidade internacional que intensifique as sanções contra Moscou.
Ataque a abrigo de civis
Neste domingo, uma postagem nos canais do Telegram do Conselho Municipal e do Parlamento ucraniano afirma que mulheres, crianças e idosos ainda estão presos nos escombros, após a escola de arte que os abrigava ser bombardeada por forças russas em Mariupol. O número de vítimas ainda não foi informado.
Os intensos combates nas ruas de Mariupol prejudicam a retirada de civis e o acesso da ajuda humanitária. A população sofre com uma forte escassez de alimentos, água e medicamentos. As autoridades locais afirmam que ao menos 2,3 mil pessoas morreram, muitas delas sendo enterradas em valas comuns.
rc (Reuters, ots)