28/03/2022 - 17:12
A série de desvalorização do dólar recente de oito quedas consecutivas, fez com que a moeda atingisse o menor patamar de fechamento desde março de 2020. No mês, teve uma queda acumulada de mais de 7% e, no ano, de mais de 14% frente ao Real. Isso fez com que vários investidores estrangeiros “invadissem” a B3, a bolsa de valores brasileira.
Mas por que isso acontece? Segundo o analista de investimentos Guilherme Spina, a desvalorização do dólar tem um peso grande para os investidores estrangeiros maximizarem os lucros em investimentos em ações aqui no Brasil. “Ao fim da operação em Reais, ele consegue comprar mais dólares quando ele desvaloriza no período”, diz.
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Como consequência, o fluxo de capital estrangeiro na bolsa tende a influenciar uma tendência de alta na bolsa. Spina aponta que, para quem já possui ações em carteira, isso é muito positivo.
Mas para quem quer entrar após um período considerável de alta, o processo de stock picking (escolher ativos a preços baixos e vendê-los quando estiverem valorizados) deve ser mais criterioso para que o investidor encontre empresas com upsides (potencial aumento do valor da ação) atrativos.
Até quando vai a desvalorização do dólar?
O analista não vê uma fuga em massa dos investimentos estrangeiros. Mesmo com eleição em 2022, ele acredita que pelos próximos dois anos poderemos ver o Brasil ainda sendo atrativo para os estrangeiros.
“Vale a pena para o investidor estrangeiro apostar em ativos aqui mesmo que a tendência de baixa do dólar não se mantenha por muito tempo, pois hoje na bolsa temos várias ações de boas empresas muito descontadas”, diz Spina. “Mas também não acredito que a tendência de baixa do dólar seja tão curta, tendo em vista o cenário macroeconômico.”
Agora, caso os investidores decidam abandonar a B3 em bloco, o movimento provocaria uma queda na mesma intensidade da alta de quando ele entra na bolsa brasileira. Isso acontece, explica o analista, porque a saída de capital reduz o volume de negociação. “Mas há ações que, obviamente, não sofrem tanto, pois são alvos dos estrangeiros. Geralmente são small caps (ações de empresas de menor porte da bolsa de valores)”, afirma.
Cuidados
E como o investidor brasileiro pode se preparar para a alta na bolsa, quando os investidores estrangeiros chegam ou saem da B3? Para Spina, é preciso que o investidor brasileiro tenha uma estratégia sólida com foco no longo prazo.
“Um portfólio de investimentos bem diversificado, com exposição a ativos diferentes, tende a aumentar a eficiência do processo de construção de patrimônio “, diz o analista. “Eventos como a entrada ou saída de capital estrangeiro acabam sendo apenas detalhes, se comparados com a estratégia que ele executa.”
Por outro lado, a entrada de capital estrangeiro pode ajudar as empresas que o investidor tem na carteira a chegar no preço justo. Já a saída pode criar boas oportunidades de compra de ações. “Portanto, trabalhar um portfólio com uma reserva de oportunidade é uma forma de não deixar que a saída de capital estrangeiro seja só um impacto negativo dentro da sua carteira.”
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