O Laboratório de Inovação em Saúde Pública (Lisp), do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), integrante do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inaugurou hoje (8) o Serviço de Triagem Neonatal. A nova unidade será responsável pela realização do teste do pezinho, que permite identificar preventivamente doenças neonatais graves.

O coordenador médico do Lisp, pediatra e infectologista Edimilson Migowiski, disse à Agência Brasil que o serviço tem capacidade “para fazer o teste do pezinho de 100% dos nascidos vivos no estado do Rio de Janeiro e com entrega dos resultados em 24 horas”. Isso significa uma capacidade de realizar o teste de 96 mil crianças nascidas vivas por ano no estado.

Para que essa totalidade de exames possa ser feita pelo Lisp, Migowiski esclareceu que falta apenas que o governo do estado, por meio da Secretaria de Saúde, credencie o Serviço de Triagem Neonatal do Lisp, autorizando-o a fazer os exames. “Depois, os municípios que quiserem poderão articular diretamente com a gente”, explicou.

O coordenador médico do Lisp explicou que os municípios não vão ter necessidade de criar recursos para os testes do pezinho porque eles são custeados pelo Ministério da Saúde. “São públicos”, disse. Deixou claro, contudo, que os pedidos para os exames têm de ser encaminhados pelo sistema público de regulação.

Orientação

O pediatra informou, também, que a estrutura montada no Lisp, “diferente de um laboratório qualquer que faz o exame e fornece o resultado”, vai entregar o resultado do exame e explicar para a mãe o que está acontecendo, além de esclarecer o problema, caso alguma doença seja identificada.

O serviço vai orientar o médico sobre a atenção à saúde da família, para que a criança com problema possa iniciar o tratamento de imediato e evitar sequelas irreversíveis.

O exame é feito por meio da coleta de gotas de sangue dos pés dos recém-nascidos. Até maio do ano passado, o teste do pezinho rastreava apenas seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, síndromes falciformes, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

A partir da Lei 14.154, sancionada em maio do ano passado e que deverá entrar em vigor em junho próximo, foi ampliado para 50 o número de doenças rastreadas pelo exame oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com a nova lei, o exame passará a abranger 14 grupos de doenças. A ampliação ocorrerá de forma escalonada e caberá ao Ministério da Saúde estabelecer os prazos para implementação de cada etapa do processo.

Para a criação do novo serviço, o Lisp recebeu R$ 500 mil de emendas individuais de parlamentares no ano passado. Migowiski revelou que ainda são necessários R$ 70 mil para concluir a pintura da fachada da unidade.

Afirmou também que a estrutura montada no Lisp está preparada para fazer testes de covid-19 e outras doenças, como dengue, Zika e Chikungunya. “O que falta é a demanda. Eu tenho toda a capacidade para fazer esses exames”, garantiu.

“A Secretaria de Saúde estadual dá o ok e nós faremos os testes”, acentuou. O encaminhamento com essa finalidade terá de ser feito também via sistema público.