14/04/2022 - 12:17
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira (14) manter as suas principais taxas de juro em zero e confirmou que, apesar da inflação, vai continuar com as suas compras líquidas de dívida até “o terceiro trimestre”, segundo um comunicado.
Ao contrário dos grandes bancos centrais, a instituição europeia com sede em Frankfurt é até agora uma das poucas que ainda não decidiu aumentar suas taxas, apesar das tensões inflacionárias.
A zona do euro tem visto uma inflação sem precedentes em vários anos, aproximando-se de 8% ao ano em março, quatro vezes acima da meta de 2% estabelecida como ideal pelo BCE.
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No entanto, espera-se que o primeiro aumento das taxas do BCE ocorra “algum tempo depois” do fim da compra de dívidas, previsto para o terceiro trimestre do ano, segundo a instituição.
“Isso pode acontecer mais cedo ou mais tarde no trimestre” e “o cronograma exato será determinado na próxima reunião” de junho, explicou a presidente do BCE, Christine Lagarde.
– Sem mudanças –
Neste momento, de acordo com a decisão tomada nesta quinta-feira no final do Conselho de Governadores do BCE, a taxa de juro principal manteve-se em zero e a taxa aplicada a uma parte da liquidez bancária não distribuída em crédito manteve-se negativa em 0,50%.
Manter esta política monetária inalterada e sem aumentar as taxas teve efeito quase imediato nesta quinta-feira, fazendo o euro cair abaixo de US$ 1,08, um nível sem precedentes desde maio de 2020.
Na maioria dos casos em todo o mundo, de Washington a Londres, passando por Seul, as taxas de juros já começaram a subir para combater a inflação.
Mas comparar as economias americana e europeia “é como comparar maçãs e laranjas”, justificou Lagarde. “A zona euro é a mais exposta e a que mais sofrerá as consequências da guerra” na Ucrânia, assegurou.
O horizonte econômico ficou consideravelmente mais sombrio com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o que complica a tarefa do BCE.
“A guerra na Ucrânia (…) aumentou consideravelmente a incerteza”, aponta Lagarde.
Vários países da zona do euro podem sofrer uma queda em seu PIB nos próximos trimestres.
Um embargo europeu ao gás russo – do qual vários países do continente são altamente dependentes – teria “um impacto significativo” na economia, destaca a presidente do BCE.
Os bloqueios na China, como em Xangai, para combater novos surtos de covid-19, também atrapalham o comércio marítimo, acentuando a pressão nas cadeias de suprimentos.
Neste contexto, o debate no seio do conselho de governadores do BCE oporia, segundo observadores, “pombas” e “falcões”.
Os primeiros defendem a manutenção de uma política monetária expansionista para não colocar em risco a recuperação econômica.
Já os “falcões”, a favor de uma abordagem mais rígida -e que aos poucos ganhariam vantagem no debate- consideram que a inflação é um risco, com suas consequentes pressões por aumentos salariais.