21/04/2022 - 11:55
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirma que irá manter estrutura emergencial com 400 agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para atender situações envolvendo blocos de carnaval de rua que decidam desfilar mesmo sem a permissão do município. No entanto, Nunes enfatiza que esse é um número muito pequeno e apenas estará de prontidão para questões pontuais.
“Vamos deixar 400 agentes da CET de plantão, ou seja, manter uma estrutura mínima até por causa do carnaval no Sambódromo, mas confiando muito na responsabilidade das pessoas. A grande maioria (dos blocos) não irá desfilar, mas alguns, a gente sabe que, infelizmente, ainda insistem em fazer as coisas de forma desorganizada. A gente está colocando uma estrutura mínima para atender alguma situação que venha a surgir”, disse Nunes, durante entrevista à Rádio Eldorado na manhã desta quinta-feira, 21.
Na quarta-feira, 20, o município paulistano anunciou a intenção de realizar uma edição extra do carnaval de rua, prevista para o fim de semana dos dias 16 e 17 de julho deste ano. Apesar da proposta, os blocos de rua ainda não deram certeza se irão aderir ao evento, batizado “Esquenta de Carnaval”, e alguns mantêm a intenção de desfilar durante o feriado prolongado de Tiradentes, a partir desta quinta-feira. A Prefeitura, no entanto, não recebeu ainda comunicação oficial de blocos de rua que decidiram ir às ruas.
Nunes insiste que o efetivo de plantão é apenas para ações emergenciais. “Quatrocentas pessoas para atender um carnaval de rua na cidade é um número muito pequeno. É algo apenas emergencial, em caso de blocos que decidam desfilar mesmo com a Prefeitura fazendo apelo de que agora não é o momento.”
O prefeito voltou a alegar que a administração municipal não teve tempo hábil para fornecer infraestrutura, logística de trânsito, segurança ou alvarás. “A Prefeitura sempre apoiou o carnaval de rua. A única questão que a gente coloca é que não tivemos tempo hábil para preparar a estrutura. E não é possível fazer algo, colocando em risco a vida das pessoas; (É preciso ter) banheiro químico, tendas, ambulância, e segurança. Enfim, tudo que é necessário quando há aglomeração de pessoas”, afirmou. “Quando falamos em carnaval de rua na cidade de São Paulo, sempre há o risco de ter milhões de pessoas, o que está caminhando para não acontecer. Como abrimos um diálogo muito franco com eles (blocos de rua), acho que estão tendo consciência dos riscos que a gente poderia colocar as pessoas.”
Ainda conforme Nunes, os agentes da CET poderá multar qualquer cidadão que descumpra as leis de trânsito. “Um agente público que detecta alguma situação que esteja sendo descumprida à legislação, ele tem poder de ofício para fazer o exercício da sua função, mas não que seja específico para os blocos de rua. Parar na rua, parar na calçada, por exemplo. Qualquer um que parar em local proibido – seja de carnaval de rua ou não – será penalizado”, disse.
Com relação a bloqueios no trânsito provocados para a passagem de blocos de rua, o prefeito pondera que manifestações culturais não podem ser multadas. “Eu me reuni com o secretário de Transportes, Ricardo Teixeira, para dialogar sobre o assunto. Tem uma compreensão de que uma expressão cultural deve ser garantida, então você tem uma exceção dessa regra por ser uma manifestação cultural. Não haveria multa se configurado essa situação”, explicou. “Também conversei com o governador Rodrigo Garcia. A Polícia Militar, por parte do Estado de São Paulo, está orientada a manter o diálogo havendo essa manifestação cultural. Garantir dentro do possível a segurança das pessoas para evitar transtornos. Evitar repressão. Isso jamais irá acontecer”, garantiu o prefeito.
Com relação ao cortejo do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta no vale do Anhangabaú, no centro da cidade, previsto para domingo, 24, o prefeito explica que se trata de um evento privado. “É uma área que tem concessão para o privado. Vamos fazer um evento como se fosse privado, portanto é possível, assim como o Sambódromo. Eles têm esquema de segurança montado. Têm número de ambulâncias e rotas de fuga”, acrescentou.
Sobre o acordo proposto pela Prefeitura paulistana para realizar o carnaval de rua em julho, segundo o Nunes, falta senso de responsabilidade por quem lidera os blocos de rua. “É preciso que o líder tenha compreensão da sua responsabilidade”, ressaltou. Na quarta-feira, os representantes dos blocos disseram que ainda é cedo para dizer se vão aderir. Eles argumentaram que isso irá depender das condições colocadas pela Prefeitura.