25/04/2022 - 5:37
Se os fabricantes de vacina trabalham para enfrentar novas variantes do covid-19, os cientistas olham para mais longe e buscam uma vacina universal contra os coronavírus capaz de atacar futuras cepas e evitar outra pandemia.
Desde que a corrida pela primeira vacina anticovid impulsionou uma nova geração de imunizantes, muitos trabalhos tentaram contribuir com uma nova invenção que sirva para proteger contra todos os coronavírus.
Drew Weissman, da universidade da Pensilvânia, um dos pioneiros na tecnologia do RNA mensageiro utilizada na vacina da Pfizer, leva adiante um desses projetos.
Em sua opinião, a adaptação das vacinas existentes a todas as variantes conhecidas – a Pfizer anunciou um plano nesse sentido há algumas semanas – tem um limite: “Vão aparecer novas variantes a cada três ou seis meses”.
Após dois anos tentando infectar cada vez mais seres humanos, o vírus começa a mutar de maneira específica para burlar a imunidade adquirida graças às vacinas, como acontece com as constantes mutações da gripe, que necessitam anualmente de uma vacina modificada, explica.
“Isso complica um pouco as coisas, porque agora lutamos diretamente contra o vírus”, resume Drew Weissman à AFP.
Sua equipe trabalha em uma vacina universal anticoronavírus. Para isso, tentam descobrir “sequências de epítopo (determinante antígeno) muito bem preservadas”, ou seja, fragmentos inteiros do vírus que não podem mutar facilmente.
Mas não será fácil. “Poderíamos ter uma vacina universal em dois ou três anos, mas vamos continuar trabalhando em cima disso e adaptando-a para nos manter à frente do vírus”, descreve Drew Weissman.
O SARS-CoV-2 não é o primeiro coronavírus transmitido por animais a humanos neste século: o SARS (síndrome respiratória aguda grave) matou 800 pessoas em 2002-2004 e o MERS-CoV (coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio) o sucedeu em 2012.
Quando a empresa de biotecnologia americana VBI Vaccines anunciou seu projeto pan-coronavírus nos primeiros dias da pandemia, em março de 2020, mirava contra esses três vírus.
Se você imaginar cada antígeno de sua vacina como uma cor primária, esses pesquisadores esperavam que seu imunizante fornecesse anticorpos não apenas para essas cores, mas também para “os diferentes tons de laranja, verde e violeta encontrados entre essas cores”, indica Francisco Díaz-Mitoma, chefe médico da VBI.
“Em outras palavras, tentamos ensinar o sistema imunológico a se ampliar às variantes do vírus se for capaz de ‘vê-lo’ desde o início”, precisa à AFP.