26/04/2022 - 15:39
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a atual corrida presidencial, disse nesta terça-feira que não tem problemas com o presidente do Banco Central, mas que gostaria de discutir com ele outras formas de combater a inflação que não seja apenas a alta de juros.
“‘Ah, o Lula vai pegar o Banco Central privatizado’. Não tem problema. No meu tempo o Banco Central era livre, o (Henrique) Meirelles teve toda liberdade”, disse Lula em uma entrevista a youtubers e blogueiros de esquerda.
“Eu quero conversar com o presidente do Banco Central é o seguinte: a gente não pode mais continuar tendo apenas a responsabilidade de cumprir a meta da inflação aumentando os juros”, continuou.
O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro e deve manter seu cargo mesmo que Lula seja eleito devido à independência do banco aprovada pelo Congresso.
Como já mostrou a Reuters, apesar do fim da independência do Banco Central ser uma postura clássica do PT, Lula já avisou que não pretende mexer com isso, caso seja eleito. A avaliação do ex-presidente é que há coisas mais urgentes que precisariam ser feitas em um novo governo.
Lula mostrou, no entanto, que pretende debater outros tópicos com o presidente do BC, caso seja eleito. Entre elas, a possibilidade de se ter uma meta de crescimento, e não apenas se uma meta de inflação.
“Eu acho importante a gente fazer um debate na sociedade e no Congresso: o mesmo BC que pode estabelecer o teto da inflação, a meta da inflação, por que a gente não pode colocar também para discutir as metas de crescimento, as metas de geração de emprego? Porque dá a impressão de que só uma coisa tem importância”, afirmou.
Atualmente o Conselho Monetário Nacional –composto pelo ministro da Economia, presidente do Banco Central e secretário especial do Tesouro e Orçamento– define a meta de inflação com uma margem de tolerância e cabe ao BC, como sua principal tarefa, trabalhar para seu cumprimento.
Mas além de mirar a meta de inflação, O BC hoje já deve também “zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, segundo a lei que criou a independência da autoridade monetária.