A piora do desempenho em Nova York ao longo da tarde, em baixa que superou 4% (Nasdaq) no fechamento desta sexta-feira, cortou a tímida recuperação do Ibovespa esboçada desde cedo, quando buscava aparar as perdas do mês nesta última sessão de abril. Entre a manhã e o meio da tarde, o índice era favorecido pelo avanço das ações de commodities, muito acomodado ou mesmo revertido em direção ao encerramento (Vale ON -1,08%, Petrobras ON +0,03%, PN +0,07%), e mesmo pelos grandes bancos – apesar da elevação da alíquota da CSLL sobre o setor financeiro, o de maior peso no índice -, ao final totalmente negativo (BB ON -2,32%, Itaú PN -1,77% e Bradesco PN -1,32%, as duas últimas nas mínimas do dia no fechamento).

Com o aprofundamento das perdas em Nova York, o Ibovespa fechou na mínima do dia, em queda de 1,86%, a 107.876,16 pontos, saindo de máxima a 111.819,21 pontos na sessão. Na semana, a perda foi de 2,88%, a quarta consecutiva. E o mês (-10,10%) foi o pior desde o mergulho de 29,90% em março de 2020, no auge da crise de confiança desencadeada pela pandemia de covid-19. No ano, os ganhos se limitam agora a 2,91%. O giro desta sexta-feira subiu para R$ 38,1 bilhões.

No primeiro fechamento de abril, em uma sessão isolada na sexta-feira, o Ibovespa fechou aos 121,5 mil pontos, vindo de quatro ganhos mensais seguidos, entre dezembro e março, após ter encerrado novembro aos 101,9 mil pontos. O acúmulo de cerca de 20 mil pontos entre o fim de novembro e o começo de abril foi cortado em mais da metade neste último mês, em que a referência da B3 teve correção em porcentual superior à registrada no índice amplo de Nova York, o S&P 500 (-8,80%). Ao longo de abril, todas as semanas “cheias” foram negativas na B3.

Na mínima desta sexta-feira, o Ibovespa perdeu inicialmente o nível de 109 mil pontos, replicando movimento visto nos piores momentos das últimas três sessões – tendo chegado aos 107,9 mil durante a última terça-feira, 26, então o menor nível intradia desde 15 de março. Perto do fechamento desta sexta, mostrou que poderia romper o nível de encerramento de terça (26), então aos 108.212,86 pontos, o menor desde 24 de janeiro (107.937,11) – o que de fato se consumou, com o Ibovespa agora a 107,8 mil, no menor nível desde o encerramento de 18 de janeiro (106.667,66). Após uma pequena melhora na quarta e na quinta-feira, quando fechou com ganhos respectivamente de 1,05% e 0,52%, a referência da B3 retoma a trajetória negativa, com 8 quedas nas últimas 10 sessões.

“Hoje chegou a haver um respiro (até o meio da tarde), com as ações de commodities e os bancos puxando o índice. Ao longo do mês houve uma reprecificação do Ibovespa em relação ao começo da guerra na Ucrânia, no fim de fevereiro, quando passou a ser beneficiado também pela correlação com os preços das matérias-primas, em ascensão. Depois vieram os lockdowns na China, a reavaliação do FMI sobre o crescimento global, e o PIB americano do primeiro trimestre, nesta semana, em contração. A questão para a próxima semana é como o Federal Reserve reagirá a tudo isso, se pesará a mão ou não sobre os juros”, diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Assim, a forma como o Ibovespa chega ao fim do mês é oposta à da abertura de abril, quando atingiu, naquele encerramento, o melhor nível desde 11 de agosto. No fim do primeiro trimestre, o índice acumulava, em 2022, ganho de 14,48%, o melhor desempenho para os primeiros três meses do ano desde 2016 – e, agora, teve o pior abril desde 2004, quando havia cedido 11,45% no mesmo mês.

Na B3, em março, refletindo o avanço do índice de ações (+6,06%) e o recuo da moeda americana frente ao real (-7,65% no mesmo mês), o Ibovespa fechou a 25.203,56 pontos, em dólar, comparado a 21.945,02 no encerramento de fevereiro e a 21.135,62 pontos no de janeiro. No fim de 2021, com o índice nominal muito depreciado, o Ibovespa na moeda americana estava em 18.799,19 pontos, ante 22.937,77 no fechamento de 2020. Agora, no fechamento de abril, em dólar, o Ibovespa volta a 21.825,35 pontos, em nível próximo ao de fevereiro. No mês de abril, o dólar à vista teve apreciação de 3,81% frente ao real.