03/05/2022 - 15:11
Os restos do maior megaraptor conhecido, com entre 9 e 10 metros de comprimento e que viveu há 70 milhões de anos, foram encontrados no sul da Argentina, informaram à AFP dois paleontólogos que participaram da descoberta.
O fóssil do dinossauro carnívoro e com garras de 40 centímetros foi encontrado em março de 2019, durante uma expedição ao sul da província de Santa Cruz, na Patagônia, em uma região conhecida como Estancia La Anita, 30 quilômetros ao sul da cidade de El Calafate e próximo do glaciar Perito Moreno.
Pouco mais de três anos depois, após um árduo trabalho de escavação, transporte até Buenos Aires, limpeza e estudo em laboratório, que prosseguiu mesmo com a pandemia de covid-19, a descoberta do “Maip macrothorax” acaba de ser publicada na revista científica Nature Scientifics Reports.
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“Era um animal de grande porte, pelas medidas que fizemos e as comparações. Seria um dos maiores megaraptors documentados até o momento. Além disso, trata-se de um dos últimos megaraptors a habitar o planeta antes da extinção dos dinossauros, ocorrida há cerca de 66 milhões de anos”, afirmou o doutor em Ciências Naturais Fernando Novas, encarregado do Laboratório de Anatomia Comparada no Museu Argentino de Ciências Naturais, onde recebeu a equipe da AFP.
Novas foi quem descobriu, em 1996, o primeiro megaraptor na província argentina de Neuquén, também na Patagônia, mas cerca de 1.400 quilômetros ao norte da descoberta atual. Depois, foram encontrados outros em Austrália, Tailândia e Japão, explicou o cientista.
– Maip, ‘o predador top’ –
O paleontólogo Mauro Aranciaga, de 29 anos, foi quem encontrou o primeiro pedaço do fóssil do novo megaraptor, uma vértebra, em 2019. “Quando levantei a vértebra e vi que tinha as características próprias dos megaraptors, realmente foi uma emoção enorme porque, além disso, estava vendo uma vértebra gigante. Ou seja, era um megaraptor gigante”, contou.
Os megaraptors conhecidos até agora mediam entre oito e nove metros de comprimento. “Este tinha entre 9 e 10 metros de comprimento e pesava umas seis toneladas. É um animal muito grande e muito pesado. É o mais novo, o maior e também o mais austral dos encontrados na Argentina”, explicou Aranciaga.
Os pesquisadores encontraram a cavidade torácica, várias vértebras, algumas costelas, fragmentos da bacia, da cauda e do braço. Na parte mais larga, o tórax tinha 1,20 metro de largura por 1,50 metro de altura.
“Este novo grande carnívoro da Patagônia representava, até o final do [período] Cretáceo, o predador top”, explicou Aranciaga. Sua dieta incluía outros dinossauros de menor tamanho, que ele caçava com suas enormes garras, capazes de “capturar as presas, despedaçar seu corpo e revirar entre as vísceras”.
Novas, por sua vez, assinalou que o fóssil foi encontrado em “um jazigo extraordinário, que está se mostrando como um dos mais importantes que temos na América do Sul”. É do período cretáceo, “quando ali não existiam [a cordilheira de] os Andes nem os glaciares, mas florestas tropicais onde havia uma enorme diversidade de seres”, afirmou.
Os primeiros indícios da jazida foram documentados em 1980 pelo geólogo argentino Francisco Nulo, mas a primeira exploração de paleontólogos foi a de 2019, da equipe de Novas.