SÃO PAULO (Reuters) -Dois sindicatos que representam funcionários da Samarco em Minas Gerais e Espírito Santo apresentaram um plano de alternativo de reestruturação da dívida da mineradora, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.

O plano é apoiado pelas acionistas Vale e Grupo BHP e tem condições similares de pagamento da dívida às apresentadas pela Samarco em seu último plano, que foi rejeitado pelos credores.

O plano inclui uma garantia de dois anos de estabilidade no emprego para os funcionários. A proposta permite conversão de parte da dívida em ações de maneira semelhante à última proposta da Samarco, mas não prevê mudança de controle.

A fonte, que pediu anonimato para revelar discussões privadas, afirmou que os funcionários estavam preocupados com a possibilidade de demissão em caso de troca de controle na mineradora.

Os credores financeiros apresentaram uma proposta na quarta-feira na qual preveem assumir o controle da empresa trocando suas dívidas por participação acionária.

A proposta dos sindicatos também inclui o pagamento de um dividendo extraordinário aos credores financeiros se a Samarco conseguir antecipar o aumento do volume de produção e da geração de caixa.

Ainda não está claro como a Justiça vai lidar com a existência de dois planos diferentes de reestruturação para a empresa depois da rejeição do plano da Samarco.

Os sindicatos protocolaram o plano sob sigilo, que deve ser levantado nesta quinta-feira para que se conheçam os detalhes da proposta.

O plano é apoiado pelos funcionários e por 935 credores com um volume total de crédito de cerca de 5 milhões de dólares.

Procuradas, Vale e BHP Brasil afirmaram que apoiam o plano de reestruturação apresentado pelos sindicatos Metabase Mariana (MG) e Sindimetal (ES) e pelos fornecedores Consórcio MRF, Agência FR de Comunicação, Construtora Lage e Gomes e M Lobato Consultoria em Engenharia e Meio Ambiente.

Segundo as acionistas da Samarco, as entidades envolvidas nesse plano estão entre mais de 90% dos votantes favoráveis à proposta apresentada pela Samarco em abril.

Em relação à proposta alternativa dos credores financeiros, Vale e BHP Brasil informaram que estão analisando o plano, “o qual demonstra foco apenas na obtenção de lucros em detrimento de esforços voltados às atividades de reparação em função do rompimento da Barragem de Fundão”.

“Como acionistas e credores da empresa, BHP Brasil e Vale adotarão as medidas necessárias para manter o futuro sustentável da Samarco e o compromisso da empresa com a Fundação Renova”, disseram, em nota.

(Por Tatiana Bautzer, com reportagem adicional de Roberto Samora)

tagreuters.com2022binary_LYNXNPEI4I0DS-BASEIMAGE