Em reação ao novo reajuste dos combustíveis anunciado mais cedo pela Petrobras, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sugeriu nesta sexta-feira, 17, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso para investigar a atuação da empresa e investigar o aumento dos preços, chamado por ele de “inconcebível”. “A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o Conselho Administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles”, afirmou em entrevista a uma rádio em Natal, no Rio Grande do Norte.

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De acordo com o presidente, a medida já é negociada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), junto a líderes partidários. “É inconcebível se conceder um reajuste, com combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, seguiu Bolsonaro na entrevista. O chefe do Executivo disse que a CPI é o caminho para “colocar a nu” e dar um “ponto final” no que chamou de “processo irracional” de aumento dos combustíveis.

Ele também voltou a atacar os lucros da estatal. “Ninguém consegue entender, algo estúpido, ela lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas de todo o mundo. As petroleiras fora do Brasil reduziram sua margem de lucro.” Bolsonaro disse, ainda, que o presidente da Petrobras e o Conselho da empresa “traíram o povo brasileiro”, ao anunciar o aumento nos preços.

Na manhã desta sexta-feira, a Petrobras anunciou que o preço da gasolina será reajustado no sábado, 18, em 5,2%, passando a custa R$ 4,06. Já o litro do diesel subirá 14,2%, para R$ 5,61. O entorno de Bolsonaro teme os impactos do salto dos combustíveis nos planos de reeleição do presidente. Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o governo pressiona pela saída imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho.

Acusações de boicote ao MME

Bolsonaro disse também nesta sexta-feira que o Conselho de Administração da Petrobras está “boicotando” o Ministério de Minas e Energia. O chefe do Executivo se referiu ao fato de a troca no comando da estatal ainda não ter ocorrido, apesar de ele já ter demitido em público o atual presidente da estatal, José Mauro Coelho.

A ideia do Palácio do Planalto é emplacar Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Paulo Guedes, no comando da empresa na semana que vem.

“Quando eu troquei o ministro de Minas e Energia, ele tem carta branca para mexer no que está abaixo dele. Ele está há 30 dias tentando trocar o presidente da Petrobras e o conselho. O conselho não se reúne para dar o sinal verde para ele. Ou seja, estão boicotando o ministro das Minas e Energia”, disse Bolsonaro.

O chefe do Executivo disse esperar trocar o presidente da Petrobras nos próximos dias. “Porque, com a troca, nós podemos botar gente mais competente lá dentro para poder entender o fim social da empresa e não conceder esse reajuste, que destrói a economia brasileira, leva inflação para a população, leva perda de poder aquisitivo para toda a população que já vive uma situação bastante crítica”, declarou.

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou que vai sancionar o projeto de lei que estabelece um teto de 17% para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. A proposta foi aprovada nesta semana no Congresso com apoio do Palácio do Planalto.

Redução da margem de lucro

O presidente da República disse ainda que é possível reduzir a margem de lucro da Petrobras porque o “fim social” da empresa estaria previsto na Lei das Estatais.

Após o anúncio de um novo aumento nos preços dos combustíveis, o chefe do Executivo voltou a criticar a empresa, em linha com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “Você tem como reduzir essa margem de lucro, porque está previsto na lei das estatais que ela tem que ter um fim social”, declarou Bolsonaro, em entrevista a uma rádio em Natal.

Mais cedo, Lira disse que o governo pode dobrar a taxação dos lucros da Petrobras para reverter em benefício ao consumidor. “Não custava nada para a Petrobras diminuir um pouco os seus lucros agora e esperar o resultado do que nós estamos fazendo, para diminuir a inflação dos mais vulneráveis. Ela não tem, absolutamente, nenhuma sensibilidade”, afirmou o presidente da Câmara, em entrevista à GloboNews.