15/07/2022 - 21:50
Planetas com atmosferas estranhas e espessas podem hospedar água líquida na superfície e, consequentemente, vida. As condições temperadas que permitem a existência desse líquido essencial podem persistir por bilhões de anos, mesmo que o planeta esteja flutuando sozinho pelo espaço em vez de orbitar uma estrela. Essa informação consta em um estudo publicado na última segunda (27/6) na revista científica Nature Astronomy.
Quando os planetas começam a se formar em torno de uma estrela jovem, acumulam uma atmosfera primordial feita principalmente de hidrogênio e hélio, explica o site americano New Scientist. Muitos acabam perdendo essa atmosfera, pois ela é substituída por gases mais pesados, como oxigênio e nitrogênio, assim como os mundos rochosos do nosso Sistema Solar – incluindo a Terra. No entanto, é possível que alguns planetas maiores que o nosso possam manter esse “ar primordial”.
+ A colisão de corpos planetários será observada pelo telescópio James Webb
De acordo com o estudo, em pressões suficientemente altas, o hidrogênio pode se comportar como um gás de efeito estufa, absorvendo calor e prendendo-o na atmosfera em vez de permitir que ele irradie para o espaço. Criando um ambiente propício para a origem da vida.
Usando milhares de simulações computacionais, os pesquisadores investigaram por quanto tempo esse efeito poderia manter mundos um pouco maiores que a Terra na faixa de temperatura certa para a presença de água líquida. Eles descobriram que, dependendo da massa do planeta e da distância de sua estrela, o efeito estufa gerado pelo hidrogênio poderia manter as condições de clima temperado por até oito bilhões de anos. Isso se confirmou mesmo nos chamados planetas errantes, que não tinham estrela.
“Não sabemos se a presença de água levaria ao surgimento de vida, mas, pelo menos, parece possível que possa ter havido vida por um bom tempo. Sabemos que existem algumas bactérias na Terra que podem sobreviver em condições semelhantes, cercadas por hidrogênio e hélio em vez de nitrogênio e oxigênio”, afirma o pesquisador Christoph Mordasini, da Universidade de Berna, na Suíça, um dos autores do estudo, citado pela New Scientist.
Como essas atmosferas seriam tão espessas, com massas cerca de 100 vezes maiores que a da Terra, a pressão nas superfícies desses mundos seria alta e haveria poucas variações de temperatura. “Na Terra, dia e noite geram muita diferença na temperatura, mas esses planetas não teriam isso. A vista seria como um dia de muita neblina, a temperatura seria constante e a vida seria um pouco lenta”, explica Mordasini.