20/07/2022 - 1:56
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua postura de neutralidade em relação à guerra com a Rússia. A declaração de Zelensky foi dada à jornalista Raquel Krähenbuhl, da TV Globo.
A entrevista foi ao ar na noite desta terça-feira (19), no Jornal Nacional, 1 dia depois de o líder ucraniano conversar com Bolsonaro e fazer um apelo para que países “parceiros” adotem sanções contra a Rússia. Os destaques da entrevista serão transmitidos pelo Fantástico, no próximo domingo (24).
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Zelensky disse que é grato pela conversa com Bolsonaro, mas que não apoia sua “posição de neutralidade”. Segundo o líder ucraniano, Bolsonaro disse que apoiava a “soberania e integridade territorial da Ucrânia”, mas que o país deve continuar a manter um comportamento neutro.
O presidente ucraniano ainda comparou a situação com a 2ª Guerra Mundial e disse que a neutralidade permitiu com que os fascistas “engolissem” metade da Europa. Durante a Cúpula das Américas, nos EUA, Bolsonaro chegou a dizer que lamentava a guerra, mas que o Brasil ainda era dependente de “outros países”.
“Lamentamos os conflitos, mas eu tenho um país para administrar”, declarou à época. Bolsonaro mantém uma relação de proximidade com o presidente russo Vladimir Putin, desde que esteve na Rússia, em fevereiro deste ano. O chefe do Executivo também já falou sobre a possibilidade de comprar diesel e fertilizantes da Rússia.
Na entrevista, Zelensky afirmou querer o apoio do Brasil e que relações comerciais eram “secundárias“. Acrescentou ainda que a Ucrânia e a Rússia não chegarão a um “meio-termo”. “Escolher a neutralidade permitiu ao senhor Putin pensar que não está sozinho no mundo”, afirmou.
Solução para a guerra
Na última semana, em entrevista à CNN, Jair Bolsonaro afirmou ter a solução para a guerra, indicando que a Ucrânia deve entregar as armas.
“Eu posso adiantar para ele o que eu acho. A solução para o caso… Eu sei como seria solucionado, mas não vou falar para ninguém. Eu posso até adiantar para vocês… Como é que acabou a guerra da Argentina com o Reino Unido em 1982? É por aí… A gente lamenta tudo que acontece, mas a realidade, a verdade, são coisas que doem, machucam, mas você tem que entender”, afirmou.
Bolsonaro e Putin
Sem aderir às sanções internacionais impostas ao país, o governo brasileiro manteve negociações com a Rússia, incluindo a compra de fertilizantes e, mais recentemente, para aquisição de diesel do país, mais barato que o mercado internacional, já que os europeus reduziram drasticamente a compra.
Poucos dias antes da Rússia invadir a Ucrânia, Bolsonaro visitou o país e se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin, apesar dos apelos da União Europeia e dos Estados Unidos para que a visita fosse cancelada.