27/07/2022 - 12:35
A taxa média de juros cobrados pelos bancos no crédito livre passou de 37,4% ao ano em março para 38,1% ao ano em abril, informou nesta quarta-feira, 27, o Banco Central.
É a maior taxa desde abril de 2019, quando somou 38,3% ao ano, ou seja, em três anos. Em março, o juro médio estava em 37,4% ao ano. No crédito livre não estão incluídas as operações de financiamentos habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Empréstimos bancários crescem em abril mesmo com aperto monetário; juros sobem
Juros para empresas e famílias sobem em abril, diz BC
Juro do rotativo do cartão sobe 4,9 pp em abril, a 364,0% ao ano
Após o fim da greve dos servidores do BC, no início do mês, o órgão começou a atualizar nesta quarta as estatísticas de crédito, com os dados de março e abril. Mas as informações continuam defasadas, uma vez que, neste momento, já deveriam estar disponíveis as estatísticas até junho. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a expectativa é que os dados do quinto e do sexto mês sejam publicados em agosto.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 49,5% para 50,3% ao ano de março para abril, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 21,6% para 22,4%. Em fevereiro, as taxas eram de 48,1% e 21,5%.
O encarecimento do crédito vem na esteira do aumento da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, como forma de controlar a inflação. A taxa Selic passou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 13,25% ao ano, em junho deste ano, o maior patamar em mais de cinco anos.
Linhas mais caras
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 127,8% ao ano para 132,7% ao ano de março para abril. No crédito pessoal, a taxa passou de 23,6% para 24,1% ao ano. Em fevereiro, eram de 132,6% e 22,9%, nessa ordem.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Já nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 359,1% ao ano, em março, para 364% ao ano, em abril de 2021. Essa é a maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Segundo analistas, no entanto, essa linha deve ser evitada porque é a mais cara do mercado.
Os dados divulgados nesta quarta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros continuaram em 27,2% ao ano de março para abril, de 26,5% em fevereiro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 26,7% ao ano em março para 27,7% ao ano em abril. No quarto mês de 2021, estava em 20,4%.
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,4 ponto porcentual, para 19,9% em abril ante 19,5% ao ano em março. Em fevereiro, era de 19,4%. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.