Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) -A Cielo superou com folga as previsões para o desempenho no segundo trimestre, montada no crescimento de volumes, recuperação de margens e controle de custos.

A maior empresa de meios eletrônicos de pagamentos do Brasil informou nesta terça-feira que seu lucro somou 635,3 milhões de reais no período, um salto de 252,2% sobre um ano antes, refletindo também a receita extra com a venda da unidade norte-americana MerchantE.

Mas mesmo em bases recorrentes, o lucro de 383 milhões de reais foi 112,5% maior ano a ano e bem acima da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de 285 milhões de reais para o trimestre.

No relatório, a companhia atribuiu o resultado ao mix de “crescimento do volume capturado, recuperação do yield de receita, contínuo controle de gastos, expansão do negócio de antecipação de recebíveis e desempenho recorde da Cateno”.

Da mesma forma, o resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda) disparou 103,7%, a 1,18 bilhão de reais, também refletido o efeito MerchantE. Sem ele, o Ebitda atingiu 914,7 milhões de reais, num aumento de 57,5% ano a ano. A previsão de analistas era de 891 milhões de reais.

Após cerca de uma década de inferno astral com a multiplicação de concorrentes erodindo suas margens e receitas, a Cielo tem tido em 2022 uma surpreendente reviravolta.

Com a rápida alta de juros pelo Banco Central como forma de combate à inflação anual de dois dígitos no país, a empresa viu emergir o diferencial de ser controlada por Bradesco e Banco do Brasil, que têm maior capacidade de captar recursos a custos menores e usá-los na oferta de linhas de crédito de clientes.

Assim, o volume transacionado pela Cielo no trimestre, de 221 bilhões de reais, foi 33,8% maior no comparativo anual, enquanto as antecipações de recebíveis a lojistas deram um salto de 58,1%, 29 bilhões de reais.

A ação da Cielo praticamente dobrou de valor em 2022 até esta terça-feira, em que encerrou cotada a 4,42 reais, enquanto o Ibovespa acumula queda de 1,4%.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)