Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) – A companhia de meio de pagamentos Cielo seguiu elevando preços no terceiro trimestre, mas entende que a maior parte da reprecificação já foi realizada, disse o diretor financeiro da empresa nesta quarta-feira.

“A Cielo já fez uma onda (de aumento de preços) mais forte ao longo do segundo trimestre e já fez algumas iniciativas no terceiro trimestre”, afirmou Filipe Augusto Oliveira, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, a jornalistas. “De modo geral, a gente entende que boa parte já foi feito, talvez o grosso já tenha sido feito”, acrescentou.

O executivo disse, porém, que a empresa vai continuar acompanhando o cenário futuro e avaliará novos aumentos caso ocorram mudanças macroeconômicas ou competitivas relevantes e se o mercado possibilitar absorção de mais elevações.

“Certos públicos que não foram reprecificados, a gente vai reavaliar ao longo do tempo. Uma oportunidade que estamos começando a avaliar é em grandes contas, contratos da ordem de dois anos”, disse ele, ressaltando que não há definições nesse sentido e que trata-se de caso mais delicado.

A empresa divulgou na noite da véspera salto de 252,2% no lucro do segundo trimestre na comparação anual, em resultado também impulsionado por venda da unidade norte-americana MerchantE.

Por volta de 12:20, as ações da companhia subiam 8,1%, sendo a maior alta do Ibovespa <.BVSP>, que caía 0,3%. No ano, os ganhos são de cerca de 110%. Analistas consideraram o resultado do segundo trimestre “excelente”.

SUCESSÃO

A Cielo anunciou nesta manhã a saída de seu presidente-executivo, Gustavo Sousa, após pouco mais de um ano no cargo. Renata Andrade dos Santos, funcionária da empresa há onze anos e vice-presidente comercial de grandes contas desde novembro de 2020, assume interinamente a posição, segundo a companhia.

Oliveira disse ter poucas informações sobre a seleção de um novo presidente, mas que o processo de escolha pelos acionistas de um sucessor definitivo “já está bastante avançado”.

A Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, viveu uma década de dificuldades com a multiplicação de concorrentes erodindo suas margens e receitas, mas tem tido em 2022 uma surpreendente reviravolta.

O executivo afirmou que a transformação comercial da companhia já foi praticamente finalizada, o que inclui a venda de ativos considerados ‘não core’ (sem relação com negócio principal), e que a partir de 2023 deve passar a uma próxima etapa, com foco, por exemplo, em novas soluções de pagamentos e financeiros.

Oliveira citou iniciativas a serem estudadas com o PIX e WhatsApp Pay, enquanto a Cielo pretende reforçar seu time de vendas com a contratação de cerca de 400 executivos comerciais no segundo semestre.

A Cielo foi anunciada como a primeira processadora de pagamentos do WhatsApp Pay no Brasil, mas, para Oliveira, essa vantagem competitiva não é mais tão grande, já que desde a divulgação do projeto, cerca de dois anos atrás, provavelmente houve avanço pelos competidores.

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