09/08/2022 - 12:49
Segundo um estudo publicado nessa terça-feira (09), os tubarões, mantas e arraias do mar Mediterrâneo são capturadas com mais frequência em áreas protegidas do que em áreas desprotegidas.
Os pesquisadores descobriram que os pequenos barcos que se aventuram nas águas semiprotegidas, onde a pesca não é totalmente proibida, capturaram até 24 espécies diferentes de tubarões, mantas e arraias. Um terço dos elasmobrânquios estão em risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Essas três espécies de peixes da ordem dos elasmobrânquios correm perigo no mundo inteiro por conta dos excessos da indústria pesqueira.
Embora muitas vezes sejam vítimas colaterais da pesca em grande escala, as barbatanas e a carne desses animais também são valorizadas, provocando uma diminuição de 71% da sua presença nos oceanos desde 1970.
Uma equipe de pesquisadores com sede na Itália analisou as capturas de 1.200 operações de pesca em 11 locais diferentes, localizadas nas águas da França, Itália, Espanha, Croácia, Eslovênia e Grécia.
A equipe utilizou modelos estatísticos para mostrar que as capturas dessas três classes de peixe estão ocorrendo principalmente em áreas parcialmente protegidas.
“Geralmente supõe-se que os grandes navios de pesca são os que mais prejudicam a biodiversidade, o que é verdade e há muitas evidências que indicam isso”, explica um dos coautores do estudo, Antonio Di Franco, do Centro Marinho da Sicília.
“A pesca em pequena escala, porém, tem sido muito menos investigada”, acrescenta Franco.
“Desconhecemos a atividade da pesca em pequena escala em geral, não sabemos o tamanho de suas capturas ou onde estão pescando”, destaca o pesquisador.
Em escala global, os especialistas contabilizaram a captura de 517 elasmobrânquios em áreas parcialmente protegidas, em comparação com 358 em áreas desprotegidas.
A massa de tubarões, arraias e mantas capturadas nessas zonas equivale ao dobro das capturas em áreas não protegidas.
Mais de 100 países se comprometeram a aumentar a superfície de oceanos sob proteção para 30% até 2030.
A equipe de pesquisadores propõe o equipamento de GPS em pequenos barcos pesqueiros para monitoramento da atividade.
“As áreas protegidas representam um grande potencial para a biodiversidade, mas a chave é sua gestão”, indicou Franco à AFP.