A Turquia negou nessa sexta-feira (26) o acesso às suas águas territoriais para o porta-aviões brasileiro que seria desmantelado no oeste do país, descrito por grupos ambientalistas como o “navio de amianto”.

“Decidimos anular o acordo condicional concedido ao navio NAe São Paulo. O porta-aviões não será autorizado a entrar em águas territoriais turcas”, disse o ministro do Meio Ambiente da Turquia, Murat Kurum, no Twitter.

Segundo Kurum, as autoridades brasileiras não cumpriram as condições exigidas pela Turquia, como uma segunda inspeção no barco e a entrega de um “inventário de substâncias perigosas” ao ministério turco.

O antigo porta-aviões São Paulo deveria ser desativado em Aliaga, na costa oeste do país.

Entretanto, o acordo provocou fortes reações da oposição e de ONGs ambientalistas, que denunciaram o risco de contaminação por amianto em meios terrestres e marinhos.

“Paramos o navio tóxico São Paulo. Esse veículo foi impedido porque soubemos nos manter unidos e determinados”, tuitou o grupo ambientalista Doganin Cocuklari, que havia convocado uma manifestação contra a entrada do navio em águas turcas.

O porta-aviões NAe São Paulo pertencia anteriormente à marinha Francesa, com o nome de Foch, e foi vendido para o Brasil nos anos 2000, após 37 anos de serviço.

A exposição ao amianto, reconhecido como cancerígeno, foi proibida na Turquia em 2006. Contudo, segundo a mídia turca, trabalhadores de diversos setores, principalmente os que atuam no desmantelamento de navios, seguem expostos ao mineral.

O destino da embarcação tornou-se um teste de compromisso do presidente turco Recep Tayyip Erdogan com o meio ambiente, a menos de um ano das próximas eleições legislativas.

De acordo com as pesquisas, os temas ambientais podem ser decisivos para milhões de jovens turcos que votarão pela primeira vez em 2023.