O CEO da Wiser Educação, Flávio Augusto, acredita que as graduações tradicionais não têm sido o melhor caminho para quem quer entrar no ramo de tecnologia. Para ele, “certificações valem mais”.

Augusto também ressalta que houve um “boom” na demanda em 2020, em meio à pandemia, por causa da digitalização de muitas empresas, que se estendeu para 2021. Mas, neste ano, já não está na mesma velocidade. “Muitas startups estão demitindo, por exemplo. O movimento não é exatamente o mesmo. E isso também significa mais gente disponível no mercado do que havia nos últimos dois anos.”

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista dada ao Estadão.

Como a pandemia afetou os negócios da empresa?

Já vínhamos investindo em tecnologia, tanto que lançamos a Wise Up online antes da pandemia. O que foi muito bom, porque, quando a covid-19 chegou, tivemos como nos defender. Mas aceleramos a digitalização na crise. E, com essa aceleração, a demanda por profissionais de tecnologia cresceu, numa velocidade maior que o mercado poderia suprir. Isso acabou sendo um momento positivo para quem atua na área. Salários dispararam e, com o home office, as empresas brasileiras passaram a competir com companhias de Londres, Austrália e África do Sul.

Esse choque de demanda ainda existe em 2022?

Essa foi uma realidade de 2020, que se estendeu para 2021. Não diria que, em 2022, estejamos vivendo o mesmo boom. Tanto que estamos vendo muitas startups demitindo. Ou seja, você tem mais gente disponível hoje no mercado do que você vinha tendo nos últimos dois anos. Ainda existe o choque de demanda. A necessidade por digitalização ainda existe, mas deu uma reduzida. Mesmo assim, ainda está bem maior do que era em 2019.

Como a rapidez da tecnologia pode afetar novos entrantes?

Pode ser um pouco cruel, mas, na minha opinião, infelizmente, a área de tecnologia é uma das áreas em que a academia deixa muito a desejar. Porque o mundo acadêmico tem uma velocidade diferente daquela do mercado. Linguagens de programação e soluções do mercado de tecnologia são tão velozes que um curso de bacharel não consegue alcançar. Acho que a pessoa que quer entrar na área de tecnologia deveria seguir um caminho diferente do acadêmico, algo como certificações. Uma certificação do Google, na minha visão, tem mais importância hoje do que um diploma no mercado. Porque tem de saber fazer as coisas.

Esse choque de demanda deve demorar ainda para se equilibrar?

Acredito que vai levar uns dois anos ainda para poder atingir esse equilíbrio entre oferta e demanda. Claro, se não tivermos mais nenhum evento fora da curva, como foi a pandemia. E isso deve acontecer naturalmente, com ações que o próprio mercado vem tomando, como projetos de retenção de talentos, adaptação de plataformas e “categorias de base”, por exemplo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.