06/09/2022 - 23:48
Por meio de experimentos realizados em laboratório, cientistas comprovaram que chuvas de diamantes podem ser mais comuns do que se imaginava em planetas gigantes gasosos como Netuno e Urano. A descoberta, publicada na última sexta (2) na revista científica Science Advances, também pode levar à produção comercial de nanodiamantes de forma bem mais prática.
Estudos anteriores sugeriram que diamantes podem estar presentes na atmosfera de planetas gigantes gasosos, incluindo Júpiter e Saturno, mas a pesquisa atual descobriu que a chuva dessas pedras preciosas pode ser relativamente comum em toda a nossa galáxia.
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Pesquisadores da Alemanha, França e EUA adaptaram os experimentos anteriores usando um novo material semelhante à composição química da atmosfera desses corpos celestes. Esse material “misterioso” não é nada exótico, mas um tipo de plástico PET (polietilenotereftalato) normalmente usado em garrafas de refrigerante e água mineral. Justamente a composição química desse polímero ajudou a aumentar os níveis de oxigênio e isso não estava presente nos testes já realizados.
Usando o plástico como um substituto para a composição química da atmosfera dos gigantes gasosos, os cientistas o bombardearam com laser para simular as pressões atmosféricas presentes nesses planetas para ver o que aconteceria.
“O efeito do oxigênio foi acelerar a divisão do carbono e do hidrogênio e, assim, incentivar a formação de nanodiamantes. Isso significava que os átomos de carbono podem se combinar mais facilmente e formar diamantes”, explica o físico Dominik Kraus, da Universidade de Rostock, na Alemanha, um dos autores do estudo, citado pelo CNET.
Em outras palavras, o ambiente encontrado nos planetas gigantes gasosos significa que eles possuem grande quantidade de oxigênio e, com isso, alta concentração dessas pedras preciosas.
Curiosamente, os pesquisadores afirmam que os diamantes produzidos pelas condições atmosféricas de Netuno ou Urano podem pesar milhões de quilates. Para se ter uma ideia, o maior diamante já encontrado na Terra pesou pouco mais de 3.100 quilates. Outro ponto é que esses corpos celestes podem até ter uma espessa camada de diamante em algum lugar acima de seus núcleos.
Claro que a ideia de sair minerando diamante nos planetas gigantes gasoso ainda é algo inacessível, mas o estudo recém-divulgado pode fornecer dicas de como produzir nanodiamantes aqui na Terra. Essas minúsculas pedras preciosas já são usadas em lâminas, lixas e sensores.
“A maneira como os nanodiamantes são feitos atualmente é pegando um monte de carbono ou diamante e explodindo-os com explosivos. A produção a laser pode oferecer um método mais limpo e controlado para produzir nanodiamantes”, sugere o pesquisador Benjamin Ofori-Okai, do Laboratório Nacional Acelerador Slac dos EUA, outro autor do estudo, também citado pelo CNET.
Os cientistas planejam novos experimentos para ajustar a química envolvida na produção dos diamantes e entender de forma precisa como a chuva dessas pedras se forma e quais processos podem criá-las no ar rarefeito ou espesso.