Por Guy Faulconbridge e Felix Light

LONDRES (Reuters) – Uma autoridade instalada na Ucrânia pela Rússia sugeriu nesta quinta-feira que o ministro da Defesa do presidente Vladimir Putin deveria considerar se matar devido à vergonha das derrotas na guerra na Ucrânia, um insulto público surpreendente ao alto escalão da Rússia.

Após mais de sete meses de guerra na Ucrânia, os objetivos de guerra mais básicos da Rússia ainda não foram alcançados. As forças russas sofreram uma série de derrotas no campo de batalha nos últimos meses, forçando Putin a anunciar uma mobilização parcial.

Em uma mensagem de vídeo de quatro minutos, Kirill Stremousov, vice-chefe da região anexada de Kherson, criticou publicamente os “generais e ministros” em Moscou por não entenderem os problemas no front.

“De fato, muitos dizem: se eles fossem um ministro da Defesa que tivesse permitido tal estado de coisas, eles poderiam, como oficiais, ter se matado”, disse Stremousov, de 45 anos. “Mas você sabe que a palavra ‘oficial’ é uma palavra incompreensível para muitos.”

Tal censura pública – e insultuosa – aos chefes militares de Putin dentro do sistema costumava ser extremamente rara na Rússia, mas uma série de derrotas no campo de batalha na Ucrânia levou alguns dos aliados de Putin a repreenderem generais.

O líder checheno Ramzan Kadyrov e Yevgeny Prigozhin, fundador do Grupo Wagner de mercenários, ridicularizaram os generais, dizendo que os militares estavam cheios de nepotismo e que os oficiais superiores deveriam ser destituídos de suas fileiras e enviados para o front descalços para reparar seus pecados.

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, um dos aliados mais próximos de Putin, foi nomeado em 2012. O relacionamento deles era tão próximo que os dois passavam regularmente férias juntos nas florestas e montanhas em Tuva, terra de Shoigu.

O Ministério da Defesa não respondeu a um pedido escrito de comentário.

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