O Ibovespa começa a semana em alta, na esteira da valorização dos mercados de ações europeus e americanos. Os investidores avaliam de forma positiva a reversão anunciada nesta segunda-feira de quase todas as medidas de cortes de impostos do Reino Unido. Além disso, o lucro do Bank of America (BofA) surpreendeu e a ação do banco sobe, realimentando expectativas em relação aos próximos resultados corporativos do terceiro trimestre nos Estados Unidos.

Ainda assim Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, atribui mais a aceleração em Wall Street a uma tentativa de recuperar as recentes perdas. Este movimento de melhora também é visto nos títulos do tesouro americano, cuja curva está se fechando, caindo, indicando juros menos pressionados por lá.

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“Por mais que os resultados estejam bons, não tem muito espaço para queda bolsas. É um movimento normal do mercado”, explica Calestine, lembrando ainda que a agenda fraca também deixa espaço para ajustes para cima, e o Ibovespa acompanha.

Apesar da elevação do petróleo no exterior, as ações da Petrobras cedem em torno de 1% limitando o índice Bovespa de avançar com mais força. De todo modo, o principal indicador da B3 sobe e tenta defender a marca dos 113 mil pontos, após abrir aos 112.106,80 pontos, com elevação de 0,02%.

Os investidores monitoram novos sinais de ingerência política na Petrobras. Na sexta-feira, a estatal reafirmou em comunicado que monitora continuamente os mercados e evita repasse imediato da volatilidade externa e do câmbio aos preços. O posicionamento acontece em meio a publicações na imprensa relacionadas a pressões governamentais sobre a política de preços da Petrobras no período de eleições.

A despeito da queda de 1,93% na Bolsa de Dalian, na China, as ações ligadas ao setor sobem, com Vale avançando em torno de 1,5%. Hoje após o fechamento da B3 a mineradora divulgará o seu relatório de vendas e produção referente ao terceiro trimestre de 2022.

Na opinião do estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o cenário parece um pouco mais positivo para a Bolsa e negativo para o dólar. Porém, adverte que a falta de novidades e de uma agenda forte pode impedir este quadro até o fechamento dos negócios. “É uma semana mais travada em relação a divulgações de indicadores. O que pode chamar a atenção são os balanços do terceiro trimestre nos EUA”, diz em comentário matinal.

Apesar de menor aversão ao risco, os investidores têm demonstrado certa cautela recentemente, em meio a perspectivas de que os juros continuarão elevados no mundo por mais tempo do que o imaginado, na tentativa de conter as pressões inflacionárias.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 1,95%, aos 112.072,34 pontos, amargando perdas de 3,70% na semana, numa série de cinco pregões seguidos de desvalorização, seguindo Nova York. Como ressalta em nota a Rico Investimentos, o mau humor também atingiu Wall Street, com bolsas desabando até 3%.

“A queda foi ligada a discursos mais duros de membros do Banco Central dos Estados Unidos (o Fed), maiores preocupações com inflação e dados negativos de confiança do consumidor americano”, cita a Rico.

Às 11h14, o Ibovespa subia 1,13%, aos 113.334,56 pontos, depois de avançar 1,14%, na máxima intradia de 113.347 pontos. Em Nova York, o índice Nasdaq era o que mais subia, com valorização perto de 3,50%.

Para Calestine, o cenário político interno fica em segundo plano, por ora. “Vemos a Bolsa em alta e o dólar em queda, refletindo muito mais a curva de juros caindo aqui e nos EUA.”