O candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu a “liberdade” dos cidadãos em relação à posse e, em determinados casos, o porte de armas de fogo no Estado, caso eleito. Apesar da defesa, o candidato voltou a condenar a atitude do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que fez disparos de fuzil contra agentes da Polícia Federal (PF) no domingo passado.

“Tenho defendido sempre a liberdade. A liberdade do cidadão de poder ter a posse da arma de fogo, poder ter uma arma de fogo em casa, e até mesmo o porte, atendendo a determinados requisitos legais”, declarou, em entrevista à Rádio Eldorado, nesta terça-feira (25).

O candidato voltou a comentar a reação agressiva de Roberto Jefferson e disse que “não podemos comparar quem está fora da lei com aquele que está dentro da lei”. “A gente percebe que ele estava numa situação de irregularidade”, disse. O ex-deputado estava com sua licença de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC) suspensa e não poderia ter armas em sua residência.

No domingo, 23, agentes da PF foram à residência do ex-deputado cumprir novo mandado de prisão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Os agentes, contudo, foram recebidos pelo ex-parlamentar com granadas e disparos de fuzil. Dois deles ficaram feridos, mas não correm risco de morte.

“O que aconteceu no caso Roberto Jefferson é absolutamente lamentável sob todas as dimensões, primeiro pelo ataque a uma ministra do Supremo Tribunal Federal (Cármen Lúcia]), a gente tem que repudiar isso veementemente, não se pode atacar uma autoridade, e pela reação à ordem de prisão”, declarou. Segundo Tarcísio, “quem ataca a polícia é bandido”.

“Entendo que ele tem que pagar por isso, pagar como criminoso, responder criminalmente, que acho que extrapolou muito”, afirmou.

Habitação

Tarcísio de Freitas defendeu na entrevista a implementação de um programa “ousado” para solucionar o problema da habitação no Estado. Em uma aliança entre a Prefeitura, o Estado e a Presidência da República, o ex-ministro defendeu a regularização fundiária, construção de moradias e aluguel social.

Tarcísio detalhou que seu programa de habitação se sustenta em três pilares. O primeiro diz respeito à regulação fundiária que, segundo ele, irá requalificar a moradia. Já o segundo ponto trata-se de aumentar a construção de habitações. “A gente, em São Paulo, tem um recurso de tributo vinculado à produção de moradia, mas ele tem se mostrado insuficiente”, disse. De acordo com ele, atualmente, são trabalhados cerca de R$ 1,7 bilhões por ano para a construção de moradias, mas a meta é aumentar para cerca de R$ 4 bilhões, R$ 4,5 bilhões por ano. Na sua avaliação, é preciso aumentar o ritmo de construção, que atualmente está na casa dos 8 mil.

Para isso, ele propõe utilizar a construção direta via Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e parcerias público-privadas com a utilização de espaços ociosos para fazer habitação de interesse social, de médio padrão e empreendimento comercial. “Na lógica de PPP, os dois últimos vão financiar o primeiro”, detalha.

Por fim, Tarcísio destaca a importância do aluguel social como forma de evitar o “comércio de empreendimentos”. O candidato também cita a necessidade de revitalização do centro da cidade de São Paulo.

Composição técnica

O candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos voltou a afirmar que, caso eleito, irá montar um governo baseado em tecnicidade e integridade. Segundo ele, se o presidente Jair Bolsonaro (PL) for eleito, não haverá interferência do chefe do Executivo nacional no governo paulista.

“Qual vai ser a participação do presidente no governo Tarcísio no Estado de São Paulo? Nenhuma. O governo vai ser meu. Vou trabalhar, caso seja eleito, para montar um secretariado técnico, absolutamente técnico”, garantiu o candidato na entrevista à Rádio Eldorado. Diante do apoio que tem recebido de partidos políticos em favor de sua eleição, a exemplo do PSDB e União Brasil, Tarcísio, contudo, negou que isso represente cargos em seu possível governo.

“Toda vez que a gente fez aliança com partido, a gente discutiu propostas, sempre no campo programático”, disse. O candidato, no entanto, afirmou que pode acolher uma indicação, desde que a pessoa tenha embasamento técnico e boa reputação.

Segundo ele, mesmo com o apoio que recebeu do PSDB do Estado de São Paulo, a ideia é que haja uma renovação das secretarias, em especial porque avaliou a derrota do governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), no primeiro turno como uma indicação da população a favor da renovação. “Nas áreas que entendo que a gente precisa ter muita velocidade, que eu critiquei o PSDB, eu vou trazer gente nova e a sociedade está esperando isso”, declarou, citando áreas como Educação e Transporte. Ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, o candidato também afirmou que há uma tendência que ele traga alguém que trabalhou com ele no Ministério.

Apesar de pregar renovação, Tarcísio negou que irá “implodir” políticas públicas que estão dando certo no Estado. Questionado sobre a liberação de passe de transporte público no dia das eleições, o candidato do Republicanos afirmou que liberaria. “Estamos falando da festa da democracia”, disse.

Universalização do saneamento

Tarcísio de Freitas também afirmou que, caso eleito, buscará antecipar em cinco anos da meta de universalização do saneamento básico no Estado. Em sua avaliação, tal investimento encurtará o tempo de despoluição dos rios Tietê e Pinheiros “na mesma proporção”.

Para tratar a poluição dos rios em São Paulo, Tarcísio defendeu o investimento no saneamento básico. Ele afirmou que a diminuição da mancha de poluição depende do aumento da quantidade de ligações domiciliares, redes coletoras, redes interceptoras e estações de tratamento.

“Precisa de muito dinheiro e muita vontade”, declarou. “Se a gente conseguir fazer a universalização do saneamento básico, trazer de 2033, que é a meta estabelecida no Marco de Saneamento, para 2027, que é nosso objetivo, a gente vai conseguir também encurtar esse tempo de despoluição de Tietê e Pinheiros na mesma conclusão”, finalizou.