26/10/2022 - 10:32
O Brasil voltou a registrar abertura de empresas em 2020. No primeiro ano da pandemia de covid-19, a economia brasileira passou a contar com mais 191,965 mil empreendimentos ativos em território nacional. No entanto, quase 660 mil assalariados perderam seus empregos.
Os dados são do levantamento Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2020 e foram divulgados nesta quarta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi o segundo ano seguido de saldos positivos na abertura de empresas, depois de cinco anos consecutivos de extermínio de companhias. O bom desempenho pode ter influência de diferentes fatores, como uma possível subnotificação de fechamentos de empresas durante a pandemia.
Outra questão foi a mudança recente na metodologia de cálculo do levantamento do IBGE, que tem como base o Cadastro Central de Empresas (Cempre), e passou a incorporar também as informações do eSocial, num processo de substituição gradativa dos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
Segundo Thiego Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE, ainda é cedo para mensurar o impacto da pandemia sobre a abertura e fechamento de empresas no País. “Pode ser que o empresário tenha aguardado a retomada econômica, pode ser que em vez de fechar empresa ele tenha segurado um pouco e ainda não tenha dado baixa na Receita (Federal). Pode ter sido também até algum empecilho. E aí a gente não vê essa empresa como empresa que efetivamente saiu do mercado”, explicou.
Ferreira lembra que o choque da pandemia começou em março de 2020. “Uma empresa que operou nos primeiros meses do ano, se ela declarou corretamente a Rais, ela não é considerada empresa que saiu, por mais que tenha saído depois do choque da pandemia”, acrescentou.
Em 2020, o Cempre somava 4,9 milhões de empresas ativas, que empregavam 39,4 milhões de pessoas, sendo 32,4 milhões de assalariados (82,3% do total de ocupados) e 7,0 milhões na condição de sócios ou proprietários (17,7%). A massa de salários e outras remunerações pagos por essas entidades totalizou R$ 1,1 trilhão. O salário médio mensal era de R$ 2.568,48, queda de 3,8% ante 2019, e equivalente a 2,5 salários mínimos. A idade média das empresas ativas era de 11,6 anos.
No ano de 2020, entraram no mercado 826,4 mil empresas, enquanto 634,4 mil tiveram suas atividades encerradas. A taxa de entrada de empresas foi de 16,9%, enquanto a taxa de saída ficou em 13,0%.
Os resultados foram menores do que os registrados em 2019, quando o saldo ficou positivo em 290,9 mil empresas, diante de uma taxa de entrada de 20,2% (947,3 mil aberturas) e taxa de saída de 14% (656,4 mil encerramentos). Ou seja, houve abertura menor de empresas em 2020, mas o saldo se manteve positivo porque houve menos encerramentos também.
Na passagem de 2019 para 2020, as empresas ativas registraram demissões de 659,7 mil assalariados. A atividade com maior número de dispensas foi a de alojamento e alimentação, com 373 mil demitidos, seguida pelo comércio, com 222,2 mil assalariados cortados.
No ano de 2020, havia 5,355 milhões de unidades locais ativas, 196 mil a mais que no ano anterior. No entanto, houve redução no ritmo de abertura de novas filiais por empresas que já estavam no mercado. Em 2019, cerca de 9,0% das novas unidades locais vinham de empresas já existentes, proporção que caiu para 6,3% no ano de 2020. O resultado pode indicar uma maior cautela por parte das empresas sobreviventes no mercado de abrir novas unidades, em virtude da pandemia, apontou o IBGE.
O levantamento mostrou ainda que houve um recuo de 2,6% no número de empresas empreendedoras no País, totalizando 24,366 mil companhias em 2020.
As empresas de alto crescimento, chamadas de empreendedoras, são aquelas com pelo menos 10 empregados assalariados que aumentaram as contratações acima de 20% ao ano por três anos. No início da série, em 2008, havia 30.954 empresas de alto crescimento. O melhor desempenho foi em 2012, com 35.206 empresas, e o menor, em 2017, 20.306.
Em 2020, as empresas empreendedoras ocupavam 3,554 milhões de assalariados, com um salário médio mensal de 2,5 salários mínimos.
O País tinha 2.768 empresas gazelas, companhias de alto crescimento com até cinco anos de existência, resultado ligeiramente menor que o verificado em 2019, quando havia 2.805 empresas nesse grupo.