16/11/2022 - 5:58
A 16 de novembro de 1995, Oskar Lafontaine chegou à presidência do SPD, preparando o caminho para a vitória de Gerhard Schröder à Chancelaria Federal em 1998, que derrotaria Helmut Kohl, há 16 anos no poder.Depois da derrota nas urnas em 1994, o Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha encontrava-se em crise, não só por causa dos conflitos em torno da liderança, mas também quanto à linha a ser seguida. Os três governadores social-democratas – Oskar Lafontaine, Gerhard Schröder e Rudolf Scharping – decidiram formar uma aliança, a “troika”. Scharping, que presidia o partido, era candidato à reeleição.
No entanto, o discurso enérgico e decidido, bastante ovacionado pelos correligionários presentes ao congresso do partido em Mannheim, naquele novembro de 1995, trouxe a inesperada vitória a Lafontaine.
O governador do pequeno estado do Sarre, na fronteira com a França, derrotou o concorrente, por 321 contra 190 votos. Era a resposta dos social-democratas à falta de uma linha clara na oposição ao então chanceler federal Helmut Kohl (CDU).
Lafontaine, de orientação esquerdista, reabilitou Gerhard Schröder, o representante do centro, como porta-voz de assuntos econômicos na Executiva Nacional. A partir de 1996, o próprio Schröder começou a demonstrar ambições à candidatura a chanceler federal pelo SPD, desde que aprovado por Lafontaine (que veladamente também reivindicava a candidatura pelo seu partido).
Em dezembro de 1997, em Hannover, os correligionários demonstraram sua satisfação com a linha autoritária de Lafontaine, confirmando-o na presidência com 93% dos votos. Depois da reeleição de Schröder em seu estado, a Baixa Saxônia, por maioria absoluta, em março de 1998, Lafontaine o anunciou como candidato oficial do SPD à chefia do governo. Schröder o recompensou com a promessa de nomeá-lo ministro das Finanças.
Coesão levou à vitória eleitoral
Em setembro do mesmo ano, os eleitores alemães acabaram despachando Helmut Kohl e os 16 anos de governo da CDU. Schröder venceu a eleição, enquanto Lafontaine era considerado o “arquiteto da vitória”. Ambos apresentaram-se tão coesos nas negociações com o Partido Verde que o acordo de coalizão e a composição do gabinete aconteceram de forma rápida e sem maiores complicações.
Em 27 outubro de 1998, então, consagrou-se o tão sonhado momento dos social-democratas e a posse de Schröder na chefia do governo. Lafontaine, considerado “o homem forte ao seu lado”, recebeu um Ministério das Finanças com competências ampliadas, responsável não só pelas questões fundamentais da política econômica, mas também de conjuntura e da Europa. O conflito de competências fez com que Jost Stollmann jogasse a toalha como Ministro da Economia. Scharping recebeu a pasta da Defesa.
Os “galos de briga”, entretanto, não se suportaram por muito tempo na arena. Já em novembro de 1998, Lafontaine saiu da raia com seu controverso discurso em favor de uma política monetária que incentivasse mais o consumo e a criação de empregos. Também suas ideias de reforma fiscal não agradaram Schröder. A crise se acentuou, aumentando o isolamento do ministro das Finanças.
Em março de 1999, Lafontaine desistiu do cargo e prometeu deixar a vida política para sempre, não sem antes publicar o polêmico livro O coração bate à esquerda, enfocando sua posição em relação às intrigas no SPD. A decisão de se afastar da política, no entanto, não foi definitiva: ele retornaria em 2005, com a fundação de um novo partido de esquerda, a Iniciativa pelo Trabalho e Justiça Social (WASG, do alemão). Em 2007, da fusão com o PDS, partido remanescente da antiga Alemanha Oriental, surgiria o partido A Esquerda.