TURIM (Reuters) – Vinícius Jr. é o símbolo da nova geração de talentos da seleção brasileira que parece estar no auge no momento perfeito, ao chegar à Copa do Mundo do Catar como favorita para conquistar o hexacampeonato mundial.

O jogador de 22 anos marcou o gol da vitória do Real Madrid na final da Liga dos Campeões contra o Liverpool e terminou em oitavo na votação da Bola de Ouro no mês passado, sendo consagrado entre os maiores nomes do futebol mundial em sua quinta temporada com os gigantes espanhóis.

Em entrevista exclusiva à Reuters durante a preparação do Brasil para a Copa em Turim, ele disse estar ansioso para aliviar a pressão sobre Neymar, que carregou as esperanças de uma nação quase sozinho ao longo de sua carreira na seleção.

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“Claro que ele é o nosso craque, nosso melhor jogador, e o jogador que mais passa tranquilidade para os mais jovens. Ele passou muito isso quando era jovem, de jogar desde cedo, de ter a pressão muito forte desde cedo, e estar ajudando a gente é algo muito importante. Ele sabe que ele ajudando a gente e a gente pode ajudar muito ele também a fazer uma grande Copa”, disse Vinícius, na quinta-feira, na cidade italiana onde a seleção brasileira treina antes de voar para o Catar no sábado.

Articulado e maduro para a idade, Vinícius acolhe bem a pressão que vem com a responsabilidade de ser o principal rosto da nova geração brasileira.

“Sempre fui muito tranquilo sobre a pressão, sobre ser uma estrela como vocês falam. Sempre tive a cabeça muito tranquila”, afirmou.

“Jogo no Real Madrid onde a estrela é o Karim (Benzema) e jogo na seleção onde a estrela é o Neymar, e poder aprender com todos esses jogadores que ganharam tanto, que estão há tanto tempo nessa correria, e eles poderem me ajudar a cada dia, eu gosto muito de escutar e com eles eu aprendo bastante”, disse.

Mas por trás do sorriso largo e das comemorações com danças que se tornaram a marca registrada do ponta habilidoso existe um jovem sensato e socialmente consciente que quer usar o futebol e sua fama para um bem maior.

Vinícius iniciou uma fundação que está construindo escolas em áreas carentes e está investindo em pesquisa para desenvolver novas formas de melhorar o sistema educacional no Brasil.

“Ter a imagem forte não só dentro do futebol, mas poder ajudar a galera e deixar um legado importante… Acredito que tenho que ter um algo a mais e aprendo muito com a galera de hoje em dia, LeBron James faz muito, o Hamilton faz muito”, afirmou, acrescentando que o foco de seu investimento é em educação para “formar mais médicos e mais professores… melhores professores”, já que o futebol não é para todos.

“Nem todos podem virar jogador de futebol, muitos tentam mas nem todos conseguem, e tento ao máximo ajudar o povo do Brasil para seguir melhorando, seguir evoluindo como pessoa, que é o mais importante”, disse.

GERAÇÃO DIFERENTE

Vinícius diz que uma das batalhas de sua geração é contra o estereótipo de que jogadores brasileiros são maus profissionais.

“Essa nova geração tem aprendido bastante com a geração antiga, o que tem feito de certo, o que eles fizeram de errado, para a gente não cometer esses erros e seguir evoluindo e mudar a nossa imagem, não só na Europa, mas para todo mundo”, afirmou.

Vinícius disse ter se preocupado com a possibilidade de se machucar antes da Copa do Mundo. Ele é o jogador que mais sofreu faltas na liga espanhola por uma larga margem, 10 vezes a mais que Enes Unal, segundo colocado na lista, e acredita que seus rivais o perseguiram sabendo que ele estaria na seleção brasileira para o Mundial.

“Nos últimos jogos acabaram sabendo das convocações e cada dia mais tentaram chegar mais forte. Não me importo se chegam forte para ganhar a bola, mas quando é desleal é um pouco complicado, e nos últimos jogos acabamos eu e o Rodrygo sofrendo bastante, e nosso medo de ficar fora da Copa do Mundo no momento que estamos bem é sempre complicado”, afirmou.

“Quando você começa a ter tanta importância dentro da sua equipe, dentro do jogo, os jogadores chegam mais forte, mas é seguir aprendendo. Aprendi muito o com o Neymar quando ele jogava no Barcelona e sofreu bastante também. O Cristiano (Ronaldo) também quando jogava no Real sofreu bastante, e o Karim pediu para eu ter tranquilidade, porque quando começam a fazer isso é porque se importam comigo e cada vez mais eles vão ter medo”, disse.

“Cada bola que eu pego eu tento ir para cima. Claro que tenho medo de me machucar, mas estou sempre preparado”.

Essa é uma mentalidade que Vinícius acredita compartilhar com seus companheiros de seleção brasileira rumo ao Catar.

“A nossa equipe é uma equipe muito forte que está disposta a fazer de tudo para sair campeã”, afirmou.

(Por Fernando Kallas)

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