Em retomada das agendas oficiais após a derrota no segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou nesta segunda-feira, 5, na tradicional cerimônia de cumprimento de oficiais-generais das Forças Armadas.

O chefe do Executivo se emocionou em mais de uma ocasião e enxugou lágrimas enquanto recebia as saudações de participantes do evento. Acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente se mostrou especialmente comovido ao receber abraços de esposas dos oficiais-generais que se dirigiram a ele chorando.

O evento ocorreu nesta manhã no Clube Naval, em Brasília, onde, além de cumprimentar os generais, Bolsonaro participou de almoço com oficiais promovidos. Também estiveram presentes os ministros militares Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), além do ex-candidato a vice e ex-ministro Walter Braga Netto e os comandantes Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha).

Antes da cerimônia, o presidente se reuniu no Palácio do Planalto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), segundo agenda oficial.

Bolsonaro tem escolhido eventos militares para sair, de forma tímida, do processo de reclusão a que se impôs após perder a disputa eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na última quinta, 1º, ele participou da cerimônia de promoção de oficiais-generais do Exército.

Em 26 de outubro, o chefe do Executivo compareceu a um evento na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Rio de Janeiro. Foi a primeira agenda fora de Brasília após a debacle nas urnas. Aos poucos, ele também retoma a rotina de reuniões no Palácio da Alvorada e no Planalto.

Apesar da saída do isolamento, Bolsonaro mantém o regime de silêncio adotado após a derrota. Assim como nos dois eventos militares anteriores, ele não discursou nesta segunda. Desde o resultado do segundo turno, o presidente se pronunciou apenas em duas ocasiões: em 1º de novembro, quando fez uma fala à imprensa em que não reconheceu a derrota para Lula e no dia seguinte, em um vídeo no qual pediu que apoiadores desbloqueassem estradas federais.

O presidente também diminuiu a ostensiva presença nas redes sociais, onde vem se limitando a publicar fotos em agendas oficiais anteriores e divulgar realizações da gestão. Ele abandonou até as lives tradicionais feitas às quintas-feiras.

O silêncio de Bolsonaro ocorre a contragosto de aliados, que insistem para que o presidente se dirija a apoiadores contrariados com a vitória de Lula que permanecem nas ruas em protestos golpistas por intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aliados desejam que Bolsonaro se transforme em um líder de oposição de extrema-direita, mas questionam sua real disponibilidade diante da paralisia atual do chefe do Executivo.