Quantidade de atletas asiáticos jogando em ligas europeias os fortalece para o próximo mundial. Seleções do continente melhoraram o desempenho nos últimos anos e deixaram a sua marca no Catar.As seleções nacionais de países da Ásia já estão todas fora da Copa do Mundo do Catar, mas deixaram a sua marca no torneio.

Japão, Coreia do Sul e Austrália, filiadas à Confederação Asiática de Futebol (AFC), claramente se beneficiaram de ter jogadores atuando e refinando sua técnica nas principais ligas europeias, incluindo na segunda divisão do campeonato alemão.

O Japão teve a sua melhor Copa do Mundo da história, após derrotar os ex-campeões Alemanha e Espanha. Só foram eliminados nas oitavas de final, e nos pênaltis, após um empate de 1 a 1 com a Croácia. Os Samurais Azuis tinham chegado às oitavas de final três vezes antes, mas desta vez ficaram mais perto de conquistar uma vaga inédita nas quartas de final.

A lembrança de seu colapso por 3 a 2 contra a Bélgica na mesma etapa, há quatro anos, inspirou-os a serem muito mais firmes contra os croatas, e apenas a loteria dos pênaltis os impediu de avançar.

Dezenove de seus 26 jogadores jogam na Europa, como Ritsu Doan do Freiburg e Takuma Asano do Bochum – ambos marcaram gols contra a Alemanha. Em 2018, de uma equipe de 23 jogadores, apenas 14 jogavam na Europa.

Mais atletas japoneses estão aprendendo a jogar nas ligas mais competitivas e de alto desempenho do mundo, o que deveria diminuir a surpresa por eles terem vencido a Alemanha e a Espanha no Catar.

Melhor preparação

Um dos melhores jogadores japoneses no Catar se destacou na segunda divisão alemã, uma liga na qual é preciso ser resiliente nos aspectos físico, mental e tático para prosperar.

Ao Tanaka joga pelo Fortuna Düsseldorf, mas o treinador do Japão não teve dúvidas em escalá-lo para uma Copa do Mundo. A segunda divisão alemã é claramente uma melhor preparação para o mundial do que a J-League japonesa, onde há menos influência estrangeira.

Ele marcou o gol da vitória contra a Espanha, um gol que também acabou mandando a Alemanha para casa, e acha que o Japão pode brilhar novamente em 2026.

“Todos falam de um milagre, mas vejo de maneira diferente, nós temos sido agressivos. Quem quer que jogue em nossa equipe, a qualidade é alta”, disse Tanaka após a vitória sobre a Espanha, sem nenhuma empatia por ter atrapalhado a Alemanha, sua casa adotiva. “Isso é futebol.”

Outro jogador da segunda divisão alemã deixou sua marca na Copa do Mundo do Catar. Jackson Irvine, do St. Pauli, começou jogando todas as quatro partidas pela Austrália. Eles ganharam dois jogos em uma Copa do Mundo pela primeira vez, e poderiam ter empatado com a Argentina, de quem perderam por 2 a 1.

“Demos o máximo, mas não foi o suficiente”, disse Irvine. Na próxima vez, talvez seja.

A mudança da Austrália da liga da Oceania para a AFC, em 2006, para ter um futebol mais competitivo, está rendendo dividendos. Além disso, eles estão mais confiantes em jogadores que competem em ligas menos glamorosas, mas duras como Irvine, o excelente Harry Souttar, na segunda divisão inglesa pelo Stoke, Fran Karacic, na Série B da Itália no Brescia, e Aziz Behich, para o escocês Dundee United.

“Isso deverá ser um grande impulsionador para que o futebol na Austrália avance”, disse Behich a jornalistas. “Espero que tenhamos inspirado a próxima geração que está chegando, para saberem que é possível se igualar aos melhores do mundo, mesmo sendo australiano.”

Oito vagas garantidas para 2026

Talvez seja mais fácil quando 2026 chegar, na Copa do Mundo conjunta dos Estados Unidos, México e Canadá, que será ampliada e comportará 48 seleções.

O formato exato não foi definido, mas haverá diversas equipes menos experientes no sorteio, e os australianos esperam então chegar à fase de mata-mata. A Ásia tinha 4 vagas, mais uma de repescagem, na Copa do Mundo do Catar, e deverá ter 8 vagas na próxima Copa.

A Coreia do Sul foi derrotada pelo Brasil por 4 a 1 em sua última partida, mas também mostrou sinais de progresso.

Em 2018, 18 jogadores de sua equipe de 23 jogavam em clubes na Coreia do Sul, Japão ou China. Desta vez, eram apenas 15 dos 26 jogadores. A exposição a outros campeonatos parece estar fazendo a diferença, pois desta vez eles jogaram melhor e chegaram às oitavas de final.

Os sul-coreanos já derrotaram a Alemanha e Portugal em torneios sucessivos. Venceram também a Espanha e a Itália em casa, na Copa de 2002, e agora estão se fortalecendo a cada torneio.

Basta pensar no que eles poderiam ter conseguido se a sua estrela, Son Heung-min, não estivesse tolhida por uma máscara protetora devido a uma fratura na cavidade ocular esquerda.

“Não há dúvida de que todos os jogadores lutaram com orgulho, se dedicaram e trabalharam duro para chegar até aqui”, disse ele. “Fomos capazes de executar coisas nas quais tínhamos trabalhado nos últimos quatro anos.”

Catar e Irã são as exceções óbvias para a história de sucesso da Ásia nesta Copa do Mundo. Mas a primeira nação anfitriã a perder os três jogos na fase de grupos pode muito bem estar de volta em 2026, afinal o Catar já foi campeão asiático. E o Irã também teve seus bons momentos em 2022, derrotando o País de Gales por 2 a 0.

Quanto à Arábia Saudita, eles podem não ter avançado às oitavas, mas os Falcões Verdes surfaram a onda asiática como ninguém ao derrotar a Argentina de Lionel Messi no seu primeiro jogo, no que pode acabar sendo o momento mais memorável desta Copa do Mundo.