09/12/2022 - 9:56
O Irã enfrenta novas sanções nesta sexta-feira (9), no dia seguinte à primeira execução de um condenado envolvido no movimento de protestos, que gerou mais apelos da população para continuar protestando e uma grande condenação internacional.
A República Islâmica defendeu que está agindo com a “maior moderação” diante da onda de protestos desencadeada pela morte de Mahsa Amini, uma jovem curdo-iraniana de 22 anos que morreu em 16 de setembro após ser presa pela polícia da moral por violar o código de vestimenta, que obriga as mulheres a usarem o véu.
Mohsen Shekari foi enforcado na quinta-feira após ser condenado por bloquear uma rua de Teerã e ferir um paramilitar em 25 de setembro, após um processo jurídico que vários grupos de direitos humanos chamaram de “farsa”.
+ Irã realiza primeira execução de pessoa envolvida em protestos
+ Líder supremo do Irã pede revisão do sistema cultural do país
+ Talibãs realizam primeira execução pública desde seu retorno ao poder
O Judiciário disse que o homem de 23 anos foi preso após esfaquear um membro da milícia Basij, uma força paramilitar ligada à Guarda Revolucionária do Irã, com um facão, causando um ferimento que exigiu 13 pontos de curativo.
O anúncio gerou indignação no exterior. Várias ONGs alertaram que novas execuções poderão ocorrer em breve.
Em resposta, o Reino Unido impôs uma série de sanções, inclusive a autoridades iranianas, acusadas de impor “sentenças hediondas” contra os manifestantes.
A Anistia Internacional se declarou “horrorizada” com a execução, que “demonstra a desumanidade do alegado sistema judiciário iraniano”, pela qual muitos outros terão de lidar com “o mesmo destino”.
Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR), sediada na Noruega, pediu uma resposta forte da comunidade internacional para impedir que a República Islâmica continue a aplicar a pena de morte.
Shekari foi “condenado à morte em uma farsa sem o devido processo legal”, disse ele.
Mais manifestações
Shekari foi enterrado 24 horas após sua execução na presença de alguns parentes e forças de segurança no cemitério Behesht-e Zahra, em Teerã, de acordo com o portal de notícias 1500tasvir.
Sua execução gerou mais protestos e convocações para manifestações.
À noite, os manifestantes se reuniram na rua onde Shekari foi detido, aos gritos de: “Eles tiraram nosso Mohsen de nós e nos devolveram seu corpo!”, de acordo com um vídeo compartilhado pelo 1500tasvir.
No bairro de Chitgar, na capital, foram ouvidos os slogans “Morte ao ditador” e “Morte a Sepah”, em referência ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, e à Guarda Revolucionária.
De acordo com 1500tasvir, a execução de Shekari foi organizada com tanta pressa que sua família ainda esperava o resultado de seu recurso.
Os países ocidentais também expressaram sua consternação. Os Estados Unidos descreveram esta primeira execução como uma “escalada desastrosa” e garantiram que responsabilizariam o governo iraniano “pela violência brutal que está cometendo contra seu próprio povo”.
A Alemanha convocou o embaixador iraniano após a execução, e sua ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, garantiu que “o desprezo do regime iraniano pela vida humana não tem limites”. Áustria, França e Itália também condenaram a execução.
burs-str-dv/lg/jvb/es/aa/tt