16/12/2022 - 17:37
Dezenas de pessoas foram às ruas no sudeste do Irã nesta sexta-feira (16), segundo imagens compartilhadas por grupos de defesa dos direitos humanos, conforme a onda de protestos provocada pela morte de Mahsa Amini entra em seu quarto mês.
“Morte ao ditador”, gritavam os manifestantes em Zahedan, capital da província do Sistão-Baluchistão, em referência ao líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, mostra um vídeo divulgado pela ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo (Noruega), e verificado pela AFP.
Em outras imagens da mesma cidade, uma multidão de homens agita faixas com slogans antirregime e um grupo de mulheres vestidas de preto marcham e gritam palavras de ordem.
O Irã tem sido abalado por protestos em massa desde a morte da iraniana curda Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, depois de ser presa em Teerã pela polícia da moralidade, que a acusou de violar o rígido código de vestimenta feminina do país.
A repressão aos protestos levou a condenações internacionais, sanções e à expulsão do Irã de uma comissão da ONU sobre os direitos das mulheres.
A empobrecida e remota província de Sistão-Baluchistão está localizada na fronteira com o Afeganistão e o Paquistão, e sua população, a minoria balúchi, sofre forte discriminação, de acordo com várias ONGs.
Em 30 de setembro, mais de 90 pessoas morreram em protestos nesta cidade pelo suposto estupro de uma adolescente, atribuído a um policial. Desde então, as manifestações se repetem todas as semanas.
Os balúchis, apontam especialistas, foram inspirados pelos protestos desencadeados pela morte de Amini, inicialmente para defender os direitos das mulheres, mas ampliando suas reivindicações com o tempo.
Pelo menos 458 pessoas foram mortas na repressão no Irã desde meados de setembro, segundo um relatório de 7 de dezembro do IHR, e pelo menos 14 mil foram detidas, segundo a ONU.
O sistema de justiça iraniano diz ter proferido 11 sentenças de morte em conexão com as manifestações e pelo menos duas execuções já ocorreram.