SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O futuro presidente do BNDES Aloizio Mercadante anunciou nesta quarta-feira nomes que ocuparão diretorias do banco de fomento no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo pessoas do mercado de capitais e ex-integrantes de governos passados do PT.

A diretoria Financeira do BNDES será ocupada por Alexandre Abreu, ex-presidente do banco Original, parte do grupo J&F, da família Batista. A diretoria de Planejamento será ocupada pelo ex-ministro Nelson Barbosa.

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Mercadante afirmou ainda, após participar de reunião com empresários em São Paulo, que a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES será ocupada por Natalia Dias, presidente do Standard Bank Brasil, e que a diretoria de Inovação será de José Luis Gordon, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii).

A diretoria Social do BNDES ficará a cargo da economista Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo de Dilma Rousseff e uma das criadoras do Bolsa Família.

Para a diretoria do BNDES responsável por questões de sustentabilidade, Mercadante indicou Luciana Costa, presidente da subsidiária brasileira do banco de investimentos francês Natixis.

Questionado por jornalistas sobre críticas do mercado financeiro a sua própria nomeação por Lula para o comando do BNDES, Mercadante disse que “Brasília e a Faria Lima parece que falam idiomas diferentes”, referindo-se ao polo financeiro da cidade de São Paulo.

“Então trouxe três tradutores, que são presidentes de bancos para ajudar no diálogo e na interpretação, porque estamos buscando as mesmas coisas para o país”, disse ele sobre objetivos que incluem geração de emprego, desenvolvimento de economia verde e reindustrialização.

“Temos que encontrar um caminho de preservar o espaço da iniciativa privada, a estruturação do mercado de capitais”, afirmou. “Mas temos hoje um banco público que é responsável por apenas 5% do investimento, então temos espaço para melhorar, mas não contra a iniciativa privada, mas complementando e fortalecendo o Brasil e a capacidade de crescimento.”

Mercadante também afirmou que a atual gestão do BNDES, encabeçada por Gustavo Montezano, está ajudando na transição e que sua prioridade à frente do BNDES será a “geração de mais emprego” e com “mais ênfase na economia verde”. Com isso, o BNDES vai dar “mais apoio a micro e pequenas empresas”, afirmou.

Os nomes para ocupar as diretorias do banco repercutiram de forma relativamente positiva entre ex e atuais executivos do BNDES. “Estes são nomes com histórico de mercado financeiro; é uma sinalização de uma transição tranquila e republicana”, disse um executivo da atual gestão do banco de fomento.

“Os nomes são bons, é gente de mercado e séria, sinal de que não haverá loucuras pela frente”, disse uma segunda fonte, que já foi diretora no BNDES.

A ex-presidente do BNDES durante a gestão de Michel Temer, Maria Silvia Bastos Marques, afirmou que “em tese são nomes na direção certa, pelas posições que ocupam”.

 

(Por Alberto Alerigi Jr. e Rodrigo Viga Gaier)

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