Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – O CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse nesta terça-feira que a companhia mantém sua intenção de migrar ao Novo Mercado da B3, e seguirá com o plano quando as condições de mercado se mostrarem mais adequadas.

Em webinar de lançamento do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, o executivo indicou ainda que a elétrica enxerga importantes oportunidades de negócio com os processos de transição energética, que demandará maior oferta de energias renováveis, e de abertura do mercado livre de energia a todos os consumidores do país.

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Em relação ao Novo Mercado, Ferreira Júnior lembrou que a companhia chegou a anunciar um cronograma para migração, mas acabou cancelando no fim do ano passado devido às condições de mercado na época.

“Há convergência no Conselho de Administração para que a gente vá fazer isso num momento adequado, de menos volatilidade”, afirmou, ponderando que a companhia já tem controles e práticas compatíveis com as exigidas no nível mais alto de governança da B3.

O CEO da maior elétrica da América Latina avaliou ainda que a transição energética representa uma importante via de crescimento para a Eletrobras, que possui um parque gerador praticamente todo renovável, mas muito concentrado na fonte hídrica.

Como exemplo de potenciais novos negócios, citou a instalação de usinas solares flutuantes em reservatórios de hidrelétricas e novos complexos eólicos.

“Se a gente (Eletrobras) continuar crescendo da forma como ambiciona, vamos ser a maior empresa de energia renovável do mundo, com o menor nível de emissão do mundo, isso é uma coisa que só o Brasil consegue fazer”, disse Ferreira Júnior.

Apesar de o foco das atenções no momento serem as fontes solar e eólica, ele destacou a importância do papel das hidrelétricas, defendendo que os geradores hídricos precisam ser adequadamente remunerados pelo serviço de equilibrar o sistema elétrico quando outras fontes renováveis não estão gerando.

Também participando do webinar, o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), Mario Menel, defendeu que o país deveria rever a política de não construir mais novas hidrelétricas. Segundo ele, esses empreendimentos são importantes para contrabalancear a variabilidade de geração das usinas eólicas e solares, e existem hoje novas tecnologias que permitem contornar questões ambientais que poderiam gerar problemas.

ABERTURA DO MERCADO LIVRE

Os executivos avaliaram ainda que o Brasil precisa avançar com a tramitação do projeto de lei que trata da abertura do mercado livre de energia elétrica, que representa um pontapé para a modernização do setor de energia brasileiro.

Segundo Ferreira Júnior, a abertura total do mercado, conforme previsto no PL 414 em tramitação no Congresso, trará importantes aprimoramentos, como a melhor alocação de custos do sistema elétrico entre consumidores dos mercados livre e regulado.

O CEO da Eletrobras afirmou ainda que a liberalização do mercado para consumidores ligados em alta tensão, já prevista para iniciar em 2024, é um momento “muito desejado” para a elétrica. A companhia terá volumes expressivos de energia para negociar a consumidores no mercado livre de energia a partir da descotização de suas hidrelétricas após a privatização.

 

(Por Letícia Fucuchima)

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