Se há quem venda é porque há quem compre. Isso vale para tudo, inclusive para produtos que se originam em atividades criminosas. Do tráfico de drogas a roupas feitas com trabalho escravo. Hoje, o assunto é o ouro garimpado ilegalmente na Amazônia. Alguns consumidores já estão refletindo sobre sua corresponsabilidade. Como saber se o metal usado na aliança de casamento custou a vida de um ianomami? Identificar o elo de quem compra os crimes de quem produz é quase impossível, mesmo quando se trata de marcas idôneas. Muitas delas não podem assegurar a procedência de suas matérias-primas.

Se queremos de fato reconstruir um planeta em bases mais justas, é hora de o consumidor mudar ele próprio sua relação com produtos e mercadorias. Não adianta ficar indignado diante de trabalho escravo e comprar roupas por preços incompatíveis com custo médio de produção.

Mesmo que com poucas ferramentas para mudar sozinho essa dinâmica de mercado, hoje já há opções mais estruturadas ao alcance do cidadão, desde denúncias anônimas aos órgãos competentes até a exigência de rastreabilidade de determinados produtos. Além, claro, da simples opção de não comprar o que não atende a seus valores éticos.

Dá para comprar roupas de empresas cujo risco de associação com o trabalho escravo seja menor. Dá para enxergar a riqueza além do ouro. Basta decidir e agir. Aos poucos, nós, consumidores e corresponsáveis pelo que compramos, conseguiremos mudar esse modelo de produção baseado em atitudes criminosas. Construir um mundo melhor é também nossa responsabilidade.