21/02/2023 - 10:16
Chove há semanas em praticamente todo o País e no Estado de São Paulo o clima tem sido especialmente implacável. O saldo de mortes por conta das chuvas no litoral norte de São Paulo chegou a 40 nesta segunda-feira (20). Outras cidades, capital incluída, sofrem silenciosamente a ação agressiva da mudança climática. E aí entram os que carregam o maior ônus: os cidadãos.
+ + Chega a 40 número de mortos por chuvas no litoral norte de SP
Os cuidados com a chuva não se restringem a desabamento de encostas e tragédias urbanas. Especialistas recomendam cuidado para evitar enfermidades de todos os tipos.
“Doenças causadas pelo contato com água e lama são outros transtornos das enchentes. Em sua passagem pelas áreas urbanas ou rurais, a água das enchentes agrega resíduos e microrganismos de várias origens, podendo contaminar e provocar doenças nas pessoas que com ela tenham contato direto ou indireto”, explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo o ‘Dr. Bactéria’, especialista em saúde pública.
“O que mais preocupa são contaminações de água e alimentos, através da água de chuva, além de hepatites, leptospirose, infecções gastrointestinais e a conjuntivite”, alerta o Dr. Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio Libanês. O médico também recomenda cuidado com outros efeitos do desastre, como o risco de queimaduras de cabos elétricos, riscos de explosão e acidentes causados pela chuva, como raios e alagamentos.
No rol das doenças pela água de chuva, também aparece a gastroenterite aguda – que é uma inflamação no intestino – gerada por salmonela, por enterovírus e rotavírus. A enchente é uma água com contaminação do esgoto; por isso a hepatite também pode ser um risco. “Hepatite A e B – contaminados pela água. Acontece caso essa água tenha contato com alimentos, ou a pessoa a toque e passe na boca”, explica o médico do Hospital Sírio Libanês.
A leptospirose, causada pela urina do rato, também é um alerta dos médicos. “A bactéria da urina, chamada de Leptospira Interrogans, tem penetração ativa na pele, sem precisar de um “caminho”, como uma ferid aberta. Basta que toque, ou até apenas pisar, e a doença pode ser transmitida”, afirma Figueiredo.
Doenças de pele são mais difíceis, segundo o especialista em saúde pública, mas ainda são possíveis, como a micose e outras alergias. “No caso da micose, a pele fica úmida e fungos oportunistas podem ocasionar a lesão”, explica o Dr. Bactéria.
Recomendações
A contaminação pelos alimentos é uma das mais arriscadas. Portanto, infelizmente é preciso se desfazer de qualquer alimento que possa ter sido contaminado. As comidas hermeticamente fechadas não contaminadas por despejos industriais podem ser seguros para comer se as latas não apresentarem protuberâncias (inchadas) ou vazamentos, mas devem ser primeiro desinfetadas antes de abertas.
Para desinfetar, remover as etiquetas e lavar os recipientes com sabão ou detergente. Enxágue e em seguida, imergir por 10 minutos em uma solução de água sanitária, usando duas colheres de sopa do produto para cada litro de água. Enxágue os recipientes com água limpa, seque e coloque novas etiquetas”, explica o Dr. Bactéria.
Veja abaixo outras recomendações:
- Evite contato com as águas das enchentes. Caso isto seja inevitável, permaneça o menor tempo possível na água ou na lama. Não deixe que crianças nadem ou brinquem na água e na lama das enchentes, pois, além do perigo das enxurradas, eles podem ficar doentes;
- Ao retornar para casa após uma enchente, evite pisar diretamente na água ou na lama ou manusear objetos que tenham sido atingidos por ela. Proteja os pés e as mãos com botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos;
- Jogue fora medicamentos e alimentos (frutas, legumes, verduras, carnes, grãos, leites e derivados, enlatados etc.) que entraram em contato com as águas da enchente, mesmo que estejam embalados com plásticos ou fechados, pois, ainda assim, podem estar contaminados;
- Lave bem as mãos antes de preparar alimentos e ao se alimentar;
- Procure beber sempre água potável e a utilize no preparo dos alimentos, especialmente das crianças menores de 1 ano. Para garantir que a água é segura para consumo, ferva-a por ao menos um minuto, ou adicione duas gotas de hipoclorito de sódio com concentração de 2,5% (água sanitária) para cada litro de água.