Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerou suas perdas frente ao real nesta quinta-feira, acompanhando melhora no apetite por risco internacional e com investidores reagindo positivamente a uma redução em ruídos domésticos envolvendo governo e Banco Central (BC), bem como o cenário fiscal.

Às 12:39 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,94%, a 5,1220 reais na venda.

Na B3, às 12:39 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,62%, a 5,1265 reais.

A queda da divisa norte-americana estava em linha com movimento visto no exterior, onde vários pares arriscados do real registravam ganhos contra o dólar, em parte impulsionados pela alta no preço de commodities. Peso colombiano, sol peruano e o dólar australiano, por exemplo, subiam de 0,2% a 1,2%.

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Nos Estados Unidos, dados mostrando que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu de forma inesperada foram compensados pela revisão para baixo do ritmo de crescimento da economia no último trimestre de 2022. Segundo agentes do mercado, isso não alimentou temores do mercado sobre a agressividade do Federal Reserve (Fed) em sua trajetória de aperto monetário, o que também abriu espaço para a alta de ativos arriscados.

Na véspera, a ata da última reunião do Fed já havia mostrado que uma sólida maioria das autoridades concordou em diminuir o ritmo de seus aumentos na taxa básica de juros para 0,25 ponto percentual.

“A ata do Fed acabou acalmando um pouco o mercado, porque o banco já vem com um discurso um pouco mais de ‘vamos ver os números’, tentando entender um pouco mais a evolução dos dados”, disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. “O Fed sabe que se puxar um pouco demais os juros, muitos segmentos da economia que já estão mostrando sinal de desgaste vão piorar bastante.”

Enquanto isso, no Brasil, um ambiente político “sem ruídos” na volta do Carnaval fornecia apoio adicional ao real, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Os ativos brasileiros vinham sofrendo nas últimas semanas em meio a ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%. As críticas do petista cessaram nos últimos dias, ainda que possivelmente de forma apenas temporária.

Ainda na cena local, a arrecadação do governo federal teve alta real de 1,14% em janeiro sobre igual mês do ano passado, a 251,745 bilhões de reais, divulgou a Receita Federal nesta quinta-feira. O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de um total de 243,012 bilhões de reais, e marcou o melhor desempenho arrecadatório para meses de janeiro desde 1995.

Alguns participantes do mercado apontaram os dados como uma surpresa positiva em meio a temores persistentes de investidores sobre a responsabilidade fiscal do governo Lula.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1708 reais, em alta de 0,15%.

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