08/03/2023 - 20:36
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), repreendeu o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que, no Dia Internacional da Mulher, fez uma pregação contra o feminismo usando uma peruca loura e se apresentando como “deputada Nikole”.
“O plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém”, escreveu Lira em sua rede social.
Deputado mais votado do País, com 1,47 milhão de votos, Nikolas, debochou do movimento de direitos das mulheres e defendeu que elas retomem a feminilidade concebendo filhos e casando.
Como mostrou o Estadão, o nível de ofensas na Casa levou Lira a pedir aos colegas o controle verbal e ameaçar com processo no Conselho de Ética aos que não se controlarem.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que vai entrar com pedido de cassação do deputado pela fala transfóbica. “Estamos falando de um homem, que no dia internacional das mulheres, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil”, afirmou. Nikolas retrucou: “Não precisa ter mais diálogo. Tudo agora é cassação”.
Ao final do discurso do parlamentar mineiro, Maria do Rosário, presidente da sessão desta quarta-feira, evitou citar nominalmente Nikolas e pediu aos colegas uma “sessão respeitosa” por conta da data especial para as mulheres.
“Eu peço licença aos senhores, eu não concederei o microfone de aparte neste momento. Porque eu não quero este plenário no dia 8 de Março com dificuldades. Eu quero que vossas excelências respeitem essa presidência. Eu concederei o microfone de apartes exclusivamente, para as mulheres. Porque o objetivo dessa sessão, é que elas usem da palavra”, afirmou durante a sessão.
A sessão da Câmara nesta semana teve destaque para pautas voltadas às mulheres. Nesta quarta-feira, a sessão foi presidida interinamente por deputadas. A Casa, que tem quase 200 anos de existência, nunca elegeu uma mulher à Presidência.