22/03/2023 - 1:54
Barricadas perto da Trump Tower, polícia em alerta máximo, manifestantes e jornalistas do lado de fora da promotoria de Manhattan: Nova York aguardava nesta terça-feira o provável indiciamento de Donald Trump, embora a data em que a decisão será tomada seja incerta.
O ex-presidente garantiu no último sábado que seria “detido” nesta terça-feira por ter pago uma atriz pornô para comprar o seu silêncio, mas sua defesa informou que essas afirmações foram baseadas em informações da imprensa, e não da acusação.
+ Possibilidade de prisão de Trump gera simpatia entre seus apoiadores
Segundo a imprensa americana, o grande júri que irá decidir se houve crime poderia pronunciar o seu indiciamento nesta quarta-feira, mas o promotor do distrito de Manhattan, Alvin Bragg, poderia esperar a semana que vem para anunciar as acusações.
Bragg, um democrata eleito, não confirmou publicamente nenhum plano, e o grande júri atuava em sigilo, para evitar perjúrio ou influência sobre testemunhas, tornando praticamente impossível saber o que está acontecendo.
A Promotoria apresentou testemunhas ao júri nas últimas semanas e convidou Trump a depor, o que poderia indicar um indiciamento próximo. O republicano, 76, poderia se tornar o primeiro ex-presidente a se sentar no banco dos réus, um fato que ameaça abalar sua tentativa de retornar à presidência dos Estados Unidos.
O Departamento de Polícia de Nova York instalou cercas de metal em frente ao tribunal de Manhattan e à Trump Tower, na Quinta Avenida, prevendo uma chegada em massa de apoiadores e uma possível prisão do ex-presidente.
– ‘Caça às bruxas’ –
Segundo uma mensagem enviada por sua equipe de campanha – na qual, além de pedir contribuições que variam de 24 a 250 dólares (125 a 1.310 reais), embora seus apoiadores também possam contribuir com outras quantias -, “o presidente Trump sabe que a verdadeira reivindicação virá em 5 de novembro de 2024, quando Nós, o Povo, recuperarmos a Casa Branca e tornarmos a América grande novamente.”
A NBC News informou que todos os policiais de Nova York receberam ordens de usar uniforme e se preparar para o destacamento a partir desta terça-feira.
“Embora você veja um aumento da presença policial em todos os cinco distritos, atualmente não há ameaças consistentes para a cidade de Nova York”, disse um porta-voz da polícia.
No fim de semana, Trump convocou protestos maciços caso seja indiciado, embora apenas alguns apoiadores do multimilionário tenham comparecido até agora a Nova York.
Figuras importantes, incluindo os filhos de Trump, não convocaram protestos de rua como fizeram após a eleição de 2020, quando o presidente Joe Biden venceu nas urnas.
Protestos convocados pelo Clube de Jovens Republicanos de Nova York reuniram duas dúzias de apoiadores na noite de ontem e um punhado hoje em frente à promotoria de Manhattan.
Cerca de 40 apoiadores se concentraram na residência do ex-presidente em Mar-a-Lago, Flórida. “Acho que o resultado disto será um aumento do apoio”, disse Colton McCormick, 18, vestido com as cores da bandeira americana.
A investigação de Bragg se concentra no pagamento de 130 mil dólares (680 mil reais), na reta final das eleições de 2016, à atriz pornô Stormy Daniels, para silenciar uma suposta relação extraconjugal que ela teria tido com o magnata dez anos antes, que ele sempre negou.
O ex-advogado e agora inimigo de Trump, Michael Cohen, que testemunhou perante o grande júri, disse que fez o pagamento e foi reembolsado.
O pagamento a Stormy Daniels poderia ser considerado uma fraude contábil, que viola a lei de financiamento eleitoral, crime punível com quatro anos de prisão.
Especialistas jurídicos dizem que não será fácil provar o crime. Caso seja indiciado, um possível julgamento pode levar meses para acontecer.
Trump se diz vítima de uma “caça às bruxas”. “Nossos inimigos estão desesperados para nos deter, porque sabem que somos os únicos que podem detê-los”, disse em vídeo publicado em sua plataforma Truth Social nesta terça-feira.
O magnata é alvo de várias investigações criminais nos níveis estadual e federal por suspeita de irregularidades que poderiam ameaçar sua nova candidatura à Casa Branca, incluindo as tentativas de reverter a derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia.