21/06/2023 - 18:16
O Ibovespa renovou mais uma vez o pico do ano na sessão desta quarta-feira, 21, encerrou o dia com 120.420,26 pontos (+0,67%) – acima da marca de 120 mil pontos no fechamento pela primeira vez desde 4 de abril de 2022. A expectativa por uma sinalização de corte de juros em breve na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de hoje e os ganhos acima de 4% das ações da Petrobras sustentaram o desempenho.
A companhia avançou entre 4,19% (PN) e 3,99% (ON), após bancos como Goldman Sachs e Santander terem elevado a recomendação da estatal para compra. A isso somaram-se aumentos acima de 1% dos preços do petróleo e relatos de fluxo estrangeiro para as ações da empresa em meio à queda de 0,60% do dólar ante o real, que levou a moeda americana a encerrar o dia cotada a R$ 4,7678.
“Quem sustentou o Ibovespa foi a Petrobras, com um alta de 4%, em virtude de algumas casas estrangeiras terem recomendado compra”, afirma o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno. “Junto a isso, o setor bancário tem uma performance também boa”, completa o analista, que atribui a alta do setor à expectativa por uma sinalização de corte dos juros.
O segmento financeiro foi um dos destaques positivos da sessão, com alta de 0,80%, sustentada por Banco do Brasil ON (+3,15%) e BTG Pactual Unit (+1,21%). Outros setores sensíveis aos juros também encerraram a sessão em alta, a exemplo do imobiliário (+2,04%) e de consumo (+0,60%), puxados respectivamente por Aliansce Sonae ON (+3,13%) e por Ambev ON (+0,92%).
“Com uma expectativa de redução de juros bastante precificada para começar a partir de agosto, os bancos acabam beneficiados por uma tendência de aumento das linhas de empréstimo, que gera uma expectativa de melhora no segmento. Varejo e bancos, que têm alta correlação com os juros, acabam tendo um ganho”, diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
O desempenho do Ibovespa só acabou contido pelo setor de materiais básicos, que cedeu 1,34%, refletindo a redução de 0,99% dos preços do minério de ferro na China e os temores de que o governo do gigante asiático possa conceder menos estímulos do que seria necessário para estimular a economia. Com isso, Vale ON encerrou o dia em queda de 1,01%, Usiminas PNA perdeu 1,22% e Gerdau PN recuou 0,81%.
Profissionais do mercado afirmam que a Bolsa brasileira tem potencial de continuar em tendência de alta, mas que os resultados dos próximos dias vão depender das sinalizações dadas pelo Banco Central na sua decisão de hoje. A autoridade monetária publica o comunicado do Copom de junho com a decisão sobre a taxa Selic a partir de 18h30.
Embora seja praticamente consensual no mercado a avaliação de que o comitê deverá manter os juros 13,75% ao ano, os analistas aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária. Alterações no tom do comunicado – por exemplo, com a exclusão da afirmação de que o comitê “não hesitará” em retomar o ciclo de aperto, se necessário – podem validar as apostas de corte dos juros em agosto e permitir continuidade do rali.
“A manutenção dos juros está dada, e o mercado quer ver qual é o teor do comunicado”, diz Moliterno, da Veedha. “O Ibovespa está numa boa tendência de alta e pode subir muito mais quando os juros começarem efetivamente a ser cortados, mas o fato de ter uma clareza maior de que os juros serão reduzidos à frente já pode fazer o mercado manter uma performance positiva.”
O índice teve variações moderadas na etapa da manhã, quando chegou a operar com viés de queda e atingiu a mínima de 119.332,0 pontos (-0,24%). À tarde, firmou-se em alta e chegou a atingir a máxima de 120.518,52 pontos (+0,75%), distante menos de 100 pontos do nível do fechamento. O pregão movimentou R$ 27,9 bilhões.
Na ponta positiva do Ibovespa, as maiores altas foram registradas por Natura ON (+7,53%), Prio (+6,94%), IRB Brasil ON (+5,78%) e Yduqs ON (+4,57%), além de Petrobras PN, na quinta colocação. Em contrapartida, as maiores perdas foram vistas nos papéis de Embraer ON (-7,42%), CVC ON (-5,25%), Pão de Açúcar ON (-2,75%), JBS ON (-2,33%) e Dexco ON (-2,53%).