O Banco Central (BC) reconheceu que a apresentação e a tramitação do novo arcabouço fiscal reduziram “substancialmente” a incerteza em torno do risco fiscal ao avaliar os impactos sobre a inflação na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada. Mas o colegiado ponderou que permanecem desafios para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário.

Em uma forma de reconhecimento do trabalho do Ministério da Fazenda, por sua vez, o comitê enfatizou o comprometimento e a apresentação de medidas para a busca das metas de primário.

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“O Copom novamente enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, uma vez que a trajetória de inflação segue condicional à reação das expectativas de inflação e das condições financeiras”, repetiu o comitê na ata da reunião de junho como já havia feito em documentos e manifestações anteriores.

Balanço de riscos

O Copom reafirmou nesta terça-feira, na ata, que o balanço de riscos para a inflação permanece com fatores em ambas as direções. O BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva na semana passada.

Na reunião do Copom de junho, o BC descreveu que o desenho final do novo arcabouço fiscal ainda traz “alguma incerteza residual” a ser aprovado pelo Congresso Nacional.

O BC citou que o mais importante para a política monetária é o impacto que a indefinição sobre o formato final do marco fiscal pode ter sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Dentre os demais riscos de alta para a inflação, o BC voltou a citar uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação brasileira para prazos mais longos.

Por outro lado, entre os riscos de baixa, continuou citando uma queda adicional de preços commodities em moeda local, mas ponderou que parte importante do processo já foi verificada.

O comitê mencionou ainda o risco derivado de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, sobretudo devido às condições adversas no sistema financeiro global. Outro risco de baixa é uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.