O dólar se desvalorizou ante outros pares importantes, pressionado sobretudo pelo iene, após intervenção verbal do banco central japonês, enquanto o yuan também ganhou apoio do BC chinês. A moeda americana também recuou, embora mais modestamente, contra o euro, à medida que investidores se ajustam para a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) nesta semana. Assim, o índice DXY fechou em baixa de 0,49%, aos 104,569 pontos.

O iene mostrou ganhou força contra o dólar com a declaração do presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Kazuo Ueda, sinalizando que o fim da atual política de juros negativos é uma possibilidade, caso os ganhos dos salários e dos preços ao consumidor parecerem sustentáveis. Por volta das 17h, o dólar caía a 146,56 ienes.

Já o yuan offshore se valorizou depois de o Banco do Povo da China (PBoC) pedir estabilidade no mercado e alertar que as autoridades “vão lidar de forma resoluta com comportamentos que perturbem a ordem do mercado”. O avanço do yuan reverte parte das perdas registradas na semana passada, quando a moeda atingiu mínimas que não alcançava há 16 anos.

Apesar disso, a Capital Economics advertiu que as medidas do BoJ e do PBoC sozinhas não conseguirão sustentar a na depreciação das duas moedas frente ao dólar no longo prazo. As ações dependem ainda de uma queda nas expectativas das taxas de juros e dos rendimentos dos Treasuries nos EUA, na visão da consultoria. O ING disse, em relatório, que mais medidas de contenção por parte das autoridades japonesas e chinesas devem ser esperadas, antes que a tendência geral de alta do dólar diminua.

O Goldman Sachs disse acreditar que a força do dólar contra outras moedas principais parece “esticada”, mas ponderou que espera que o rali ainda se estenda no curto prazo. Já o TD Securities afirmou que suspeita da durabilidade da recuperação do dólar, ainda que os sinais estejam ao seu favor. “Também vemos o sentimento sobre China melhorando ao longo do quatro trimestre, o que deverá limitar temores de uma recessão global”, comentou a consultoria. O TD indicou “gostar” de algumas moedas emergentes neste cenário, como o próprio real brasileiro.

O Bannockburn Global Forex destacou ainda a alta do dólar australiano contra o americano, “particularmente sensível aos desenvolvimentos na China”. “Todas as principais moedas estão mais firmes contra o dólar hoje. O mesmo vale para moedas de mercados emergentes, onde só a rupia indiana, o peso filipino e a lira turca demonstram leve perdas.