15/10/2023 - 9:00
Quase 70% dos investidores de Venture Capital afirmam que experiência e conhecimento comprovado no mercado da startup é um ponto de partida para a maioria dos investidores. É o que mostra o levantamento da ACE Ventures sobre mercado de startups no Brasil. Além disso, indicações de sócios e relacionamento próximo (ecossistema, outros fundos, founders do portfólio) representam 78% dos acordos fechados.
Segundo Andréa Migliori, CEO e fundadora da Workhub, encontrar investidores ideais para o estágio atual de crescimento pode impulsionar a consolidação e a inovação de sua empresa. “Founders precisam vencer muitas etapas para ter mais chances de conseguir atingir seu objetivo. Esse processo começa se informando sobre os vários tipos de investidores, entendendo o perfil de cada e analisando qual seria a melhor opção para o estágio que sua startup está agora”, diz a especialista.
Qual é o investidor perfeito para a sua startup?
Existem dois aspectos a serem levados em consideração, segundo João Selarim, sócio da Questum. O primeiro se refere a quanto esse investidor pode contribuir com a startup. “Pode abrir portas com clientes e parceiros estratégicos? Tem um bom conhecimento no mercado que atua? A pergunta a ser respondida é se ele tem capacidade de impactar positivamente no meu negócio”, questiona.
O segundo ponto tem relação com a expectativa de retorno desse investidor e como ela se alinha com objetivos de médio/longo prazo. “Para um investimento em uma startup dar retorno para o investidor, a startup precisa, lá na frente, ‘valer mais’. Assim, na hora de pagar de volta o investidor, ele deve receber a mais proporcionalmente o quanto a empresa valorizou”, explica Selarim.
- Por exemplo: se o valuation (quanto ela vale) da empresa é de R$ 12 milhões e recebo um investimento de R$ 2 milhões há expectativa do investidor de receber 8 vezes o valor investido, a empresa também precisa valer 8x mais (R$ 100 milhões) no longo prazo;
- Se captar mais investimento ou decidir vender a empresa (o que chamamos de M&A), preciso pagar esse investidor – idealmente na expectativa que ele tinha de sucesso;
- Se resolver, em dois anos, que não quero mais a empresa e vendo por R$ 18 milhões, por exemplo, esse valor está longe dos R$ 100 milhões da expectativa do investidor. E ele pode negar a venda para que eu continue crescendo e valorizando a empresa até ela valer o quanto ele deseja.
Confira abaixo alguns tipos de investimentos para startups, listados pela Workhub:
- Venture Capital (VC): estratégico para startups em crescimento
Investidores de Venture Capital são empresas ou fundos que investem capital em startups em troca de participação acionária. Todos os tipos de fundo vão investir em troca de participação. A exceção são os que fazem algo sem esse interesse. Normalmente são fundos que têm uma aceleradora, por exemplo. Aí oferecem um programa de aceleração/mentorias “de graça”, que são chamados de programas equity free. Especializados em identificar startups com potencial de crescimento significativo, esses fundos normalmente se dispõem a assumir riscos e investem em estágios iniciais, quando a startup mostra um crescimento acelerado.
- Corporate Venture Capital (CVC): parceria com grandes empresas
O Corporate Venture Capital refere-se a empresas estabelecidas que investem em startups como forma de impulsionar a inovação interna e buscar novas oportunidades de negócios. Os CVCs buscam startups cujas soluções possam agregar valor à sua própria operação ou ajudá-las a entrar em novos mercados. Eles oferecem não apenas capital, mas também acesso a recursos e experiência do setor, o que pode ser extremamente valioso para startups que desejam obter vantagem competitiva e escalar rapidamente. Em relação a esse perfil, é essencial entender bem qual é o objetivo de investimento do CVC, além da tese, para que fique bem claro para a startup qual a estratégia da empresa em fazer o investimento, assim como ter clara a posição da startup dentro da corporação.
- Grupos de Anjos: experiência e recursos
São investidores individuais de alta renda, geralmente pessoas empreendedoras ou executivas experientes que se reúnem para investir em startups promissoras, e que estão dispostas a compartilhar seus conhecimentos e contatos. Para startups em estágios iniciais, os grupos de anjos podem fornecer o capital necessário para impulsionar o desenvolvimento e o lançamento do produto. O mercado, inclusive, tem vários desses grupos que só investem em startups fundadas e lideradas por mulheres. Além disso, oferecem orientação valiosa, networking e acesso a outros recursos importantes.
- Aceleradoras: programas estruturados de apoio e financiamento
Organizações ou programas que oferecem suporte abrangente e financiamento a startups em estágios iniciais. Geralmente, operam em formato de programa, com duração definida, durante a qual as startups selecionadas recebem mentorias, treinamentos, espaço de trabalho, acesso a uma rede de contatos e, em alguns casos, financiamento direto, com ou sem participação societária. Aqui, o objetivo é impulsionar o crescimento rápido e bem-sucedido das startups participantes, fornecendo recursos e orientação para superar desafios comuns. Em troca do suporte oferecido, algumas aceleradoras costumam adquirir participação acionária na startup. Embora possam oferecer investimentos financeiros, seu principal valor está na combinação de financiamento com apoio estratégico. Elas ajudam as startups a desenvolver modelos de negócios sólidos, aprimorar produtos ou serviços, estabelecer conexões com mentores e potenciais clientes, além de prepará-las para levantar fundos adicionais em estágios posteriores.