24/11/2023 - 8:13
Um a cada três brasileiros já sofreu alguma fraude ao realizar uma compra online, principalmente quando se trata de vazamento de dados. É o que mostra estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, que também indica que os crimes podem aumentar em temporadas de crescimento de compras no varejo eletrônico, como a Black Friday.
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De acordo com David Rodrigues, advogado especializado em Propriedade Intelectual, Direito e Tecnologia do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, mesmo que a temporada tenha como atrativo os preços baixos, o consumidor precisa estar atento e desconfiar quando os valores estão muito abaixo do esperado e perceber que podem ser indicativos de produtos falsificados.
“Nas lojas físicas, as fraudes se caracterizam pela transação de valores maiores que o valor do produto por parte do vendedor, ou ainda pela troca para um cartão inexistente. O golpista fica com o cartão do cliente utilizando para fazer transações via contactless – ou seja, aproximando-o da maquininha, ou acessando a senha do cartão para utilização do limite em outras máquinas”, explica Caio Bregonde, gerente sênior de Prevenção a Fraudes e Segurança da Informação da DM, empresa de gestão de crédito.
Porém, é no ambiente virtual que os golpistas mais atuam. No e-commerce, um dos desafios mais difíceis de lidar consiste na cópia de lojas virtuais. “É comum que os ladrões de dados criem e coloquem no ar um site muitíssimo parecido, quase idêntico ao de uma empresa real, e se aproveitem justamente do período da Black Friday para simular ofertas, que no geral são bastante atraentes para chamar a atenção dos consumidores”, acrescenta Bregonde.
O golpe dos sites falsos
- Muitos sites e perfis falsos idênticos aos de grandes marcas/lojas, o chamado Phishing-as-a-Service (PHaaS) já estão entre um dos fatores de riscos mais recorrentes;
- “Verificar sempre a autenticidade é o primeiro passo para proteger informações pessoais e financeiras, bem como cuidado com sites cujo endereço contenha erros de digitação, como letras em duplicidade, letras faltantes e erros de digitação e claro, evitar cliques em links suspeitos”, alerta Rodrigues;
- O consumidor precisar ficar atento ao realizar pagamentos, especialmente quando optar por boleto bancário, conferindo se os dados do “recebedor” conferem com os da empresa/grupo empresarial de quem está adquirindo o produto. Esta medida facilita o exercício do direito de arrependimento, possibilitando a devolução do item. O advogado da Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello explica, ainda, que é importante agir com rapidez e tomar todas as medidas necessárias para aumentar as chances de obter um reembolso ou a substituição do produto.
Golpes via WhatsApp
Outro ponto que requer atenção são as compras pelo celular, principalmente via WhatsApp. Apesar da praticidade e agilidade, é mais uma maneira de possível golpe. Por isso, o consumidor precisar ficar atento ao acessar ofertas recebidas pelo canal, checando se o remetente é de fato da empresa que afirma ser. Ao seguir essas e outras práticas, pode evitar golpes ao comprar na Black Friday, sem prejuízos e arrependimentos.
Golpes do Pix
Um dos métodos mais populares para se pagar as contas e compras atualmente é o Pix, modalidade preferida dos brasileiros tanto em transações entre pessoas quanto até de pessoas para empresas. Para evitar cair em golpes em empresas fraudulentas, é importante se certificar de que a empresa que aceite esse método tenha sistemas antifraudes que visam proteger a jornada do cliente e combater as fraudes nas transações.
A QI Tech, empresa de tecnologia voltada a serviços financeiros, também faz um alerta. “Umas das dicas primordiais é sempre lembrar de conferir os dados e valores antes de confirmar o pagamento, especialmente se for via QRCode”, comenta Gabriel Scherer, sócio da QI Tech e Head da unidade de Negócios de Onboarding e Antifraude.
O especialista ainda aponta que valores muito baixos e oportunidades atraentes podem ser um sinal para ficar atento, assim como solicitações para clicar em links, por meio de códigos por SMS e WhatsApp, ou pedidos para compartilhar dados sensíveis, também devem ser desconsiderados. “Os bancos nunca pedem dados ou códigos via ligação ou mensagens”, reforça. Na hora de finalizar um pagamento, o sócio da QI Tech reforça a importância da biometria, autenticação de dois fatores, leituras faciais ou senhas de uso único no celular e outros dispositivos.
Mudança de preço na hora de finalizar a compra
Um outro golpe muito comum é a mudança de preço repentina na hora de finalizar a compra. No dia da Black Friday, muitas lojas onlines costumam colocar um cronômetro com contagem regressiva para que o consumidor finalize a compra logo antes que acabe o estoque, ou para que outro cliente também consiga comprar.
No entanto, muitos golpistas utilizam desse fator para aplicar golpes, fazendo com que, ao gerar esse senso de urgência, muitas pessoas não olhem o preço final e eles consigam alterar o valor dos produtos para o original, sem descontos, ou até mesmo colocar fretes com valores exorbitantes.
“Uma dica para não cair nesse golpe é que mesmo tendo tempo cronometrado, não se deixe levar pela ansiedade. Faça suas compras com calma, analisando a segurança e confiabilidade do site, o valor final e tire print de tudo, para que caso haja uma diferença de preço, você consiga provar que houve fraude”, explica Eduardo Prota, CEO da N26.