De acordo com dados da pesquisa Índices de Performance do Varejo (IPV), organizada pelo venture capital HiPartners Capital & Work, em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o fluxo de consumidores em lojas físicas caiu 6% em outubro de 2023 na comparação com o mesmo mês do ano passado. Tanto as lojas de rua quanto as de shoppings apresentaram recuo de 7%.

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Em relação ao mês anterior, as lojas em shopping centers performaram melhor, com crescimento de 1% no fluxo. Já aquelas situadas na rua apresentaram queda de 6%. No ano anterior, na mesma base de comparação, o resultado foi de crescimento, com alta de 7% para ambos.

Menos visitas, mais vendas

A quantidade de boletos contou com aumento de 9% para lojas físicas, frente ao mesmo mês do ano anterior. Para os estabelecimentos de rua, a alta foi de 13%, enquanto lojistas de shoppings viram crescimento de 3%. Pela visão do faturamento médio nominal, houve variação de 18% no Brasil, sendo expansão de 24% para lojas de rua e de 4% para as localizadas em shoppings.

Esse movimento refletiu ainda em uma variação no ticket médio nominal de alta geral de 8%, sendo crescimento de 10% para estabelecimentos de rua e contração de 1,5% para lojas de shoppings.

“Em outubro, houve um crescimento nas vendas e faturamento apesar da redução de fluxo em relação a 2022, demonstrando a eficácia das estratégias de atração de consumidores, contribuindo para um melhor giro de estoque e fluxo de caixa positivo, focado principalmente na eficiência operacional das equipes nas lojas físicas”, comenta o CEO da F360, plataforma de gestão financeira, Henrique Carbonell.

Dados por região do fluxo de consumidores

Ainda assim, a queda no fluxo de visitação em outubro de 2023 em lojas físicas (6%), contra mesmo mês de 2022, foi disseminada entre as regiões, com Norte e Nordeste apresentando as maiores quedas, respectivamente, 20% e 9%.

Sobre o volume de vendas, o movimento de alta para o Brasil (9%) foi generalizado entre as regiões. O destaque positivo foi o Nordeste, com 14%, seguido pelo Centro-Oeste, com 11,5%. Nenhuma região apresentou queda.

Quanto ao faturamento nominal, o maior crescimento foi da região Sul (23%), seguido pelo Nordeste, que, apesar de ter tido uma queda representativa em fluxo, teve um incremento de 22%, com destaque em ambas as análises.

Desta forma, todas regiões apresentam alta na variação contra mesmo mês do ano anterior para o ticket médio nominal. Os destaques ficam para Sul (10%) e Sudeste (8%).

“Enquanto o cenário macroeconômico se mostra mais otimista com índice de desemprego mais baixo, inflação controlada e uma previsão de melhora no PIB, o varejo tem enfrentado duros desafios na briga pelo share of wallet do consumidor. Com o crescimento do mercado de apostas eletrônicas no país, somado a atuação de marketplaces chineses, players brasileiros têm amargado performances aquém do esperado. Às vésperas da Black Friday e do Natal, o setor vê uma oportunidade de retomada, aproveitando as principais datas sazonais para melhorar os resultados” relata Eduardo Terra, sócio da HiPartners e presidente da SBVC.

Fluxo entre setores

O fluxo de visitação contou com alta em dois dos quatro setores na comparação com outubro do ano anterior. O destaque positivo foi novamente “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos”, com alta de 40%. A categoria também conta com o maior crescimento no acumulado do ano, de 22%. Já a maior queda em relação a 2022 foi apurada em “Tecidos, vestuário e calçados”, com retração de 8%; no entanto, o mesmo setor apresenta crescimento acumulado no ano de 2%.

Em relação ao volume de cupons (vendas), o destaque positivo tanto para volume de cupons quanto para faturamento nominal fica para “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” com incremento de 21% e 30%, respectivamente. Já a maior retração aconteceu no setor de “Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo”, que teve igualmente as maiores quedas também em ambas as análises: cupons (-9%) e faturamento (-6%).

“Ainda que desde agosto o fluxo nos estabelecimentos físicos venha sofrendo queda na comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas apontam um contínuo crescimento. Esse fenômeno pode, em partes, estar relacionado com a integração de canais e com a intenção de compra do consumidor que, ao ‘escolher’ despender tempo para ir a um local físico, fica mais propício a consumir, comenta a sócia da HiPartners, Flávia Pini.

Ainda segundo ela, por esse contexto, há no setor a importância de embarcar e testar tecnologias emergentes que aprimorem a experiência do cliente, melhorem a eficiência operacional, propiciem mais conhecimento sobre a base de clientes e, logo, gerem impacto seja na redução de despesas ou na geração de novas linhas de receita – uma agenda primordial para garantir o futuro do setor.

Confira mais destaques do levantamento do IPV de outubro/23:

  • O índice de Cesta Básica no E-Commerce (ICB-COM) registrou queda de 1,5% em relação a outubro/22. Na variação mensal, houve queda de 6%.
  • Para o indicador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) da cesta básica, que cobre preços em lojas físicas, houve alta de 0,46% na variação mensal de outubro/23, em São Paulo. No acumulado desde outubro/22, o índice computa queda de 3%.
  • No volume de vendas, o destaque positivo foi o Nordeste (14%), seguido pelo Centro-Oeste (11,5%). Nenhuma região apresentou queda.
  • No faturamento nominal, o maior crescimento foi constatado no Sul (23%) e a segunda maior alta foi no Nordeste (22%).
  • No fluxo de visitantes, Norte e Nordeste apresentaram as maiores quedas (20%) e (9%), respectivamente.
  • O segmento de “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” teve alta de 40% em fluxo, 21% em vendas e 30% em faturamento.