11/12/2023 - 12:32
A população de rua no Brasil aumentou cerca de 10,3 vezes em uma década: é o que mostram dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados nesta segunda-feira, 11. O desemprego é um dos motivos da falta de casa, com 40,5% das respostas dos entrevistados, mas são as brigas familiares (47,3%) que lideram as estatísticas.
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Em 2013, os dados da base do Cadastro Único (CadÚnico) indicavam 21.934 indivíduos vivendo na rua; em 2023, o número chega a 227.087 no total. A pesquisa destaca a complexidade do problema, que entre diversas dimensões, dificulta inclusive um levantamento fidedigno dos números totais de pessoas nessa circunstância.
No levantamento, o instituto considerou motivos individuais para quem se declara na situação. Além dos citados acima, aparecem também alcoolismo e outras drogas (30,4%), perda de moradia (26,1%), ameaça e violência (4,8%), distância do local de trabalho (4,2%), tratamento de saúde (3,1%), preferência ou opção própria (2,9%) e outros motivos (11,2%).
Mas vale ressaltar que o Ipea considera dimensões estruturais do problema: no caso, a exclusão econômica, dimensão que envolve o desemprego, a perda de moradia e a distância do local do trabalho, é citada por 54% das pessoas.
Na questão racial, a grande maioria da população em situação de rua se declara negra. Ele são 68% do total, sendo 51% pardos e 18% pretos. Entre a população brasileira como um todo os negros somam 55,9% do total, sendo 45% pardos e 11% pretos (IBGE, 2023a). Os brancos somam 31%, enquanto na população brasileira eles são 43%. O CadÚnico aponta ainda que 0,5% da PSR se declara amarela e 0,2% indígena.
“A perda de moradia, o desemprego e as ameaças são motivos um pouco mais frequentes para situação de rua entre os negros do que entre os brancos. Questões familiares e distância do local de trabalho não apresentam diferenças significativas. O uso abusivo de álcool e outras drogas, por sua vez, é uma razão menos frequente entre os negros (27%) do que entre os brancos (31%)”, explica Marco Antônio Carvalho Natalino, autor da pesquisa.