O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 18, cotado a R$ 4,9311, em ligeira alta (+0,02%). Foi o quarto pregão seguido de valorização da moeda americana, que já acumula ganhos de 1,52% na semana. Na primeira hora de negócios, a divisa ensaiou uma desafogo e desceu até a casa de R$ 4,91 na mínima (R$ 4,9130), em meio a uma aparente realização de lucros. Ja o dólar futuro para fevereiro recuou 0,18%, a R$ 4,9370.

Operadores observam que, após a alta de 1,22% na terça-feira, o dólar mostrou fôlego mais restrito nas duas últimas sessões, sempre respeitando o teto de R$ 4,95 no fechamento. Na máxima hoje, a divisa atingiu R$ 4,9555. Essas movimentações sugerem mais um realinhamento ao comportamento da moeda americana lá fora do que um aumento da percepção de risco doméstico, apesar das dúvidas que rondam o quadro risco fiscal.

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“A moeda teve um comportamento até estável, encerrando praticamente no mesmo patamar de ontem. Como não tivemos nenhum indicador local relevante para alterar a trajetória do câmbio, o real segue acompanhando o cenário externo”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ouribank.

No exterior, investidores afinam as apostas em torno do início do início de um ciclo cortes de juros nos Estados Unidos, enquanto assimilam indicadores da economia americana. Divulgados pela manhã, pedidos de auxílio-desemprego semanais recuaram 16 mil, para 187 mil, enquanto analistas esperavam 205 mil. Já as construções de moradias iniciadas nos EUA caíram 4,3% em dezembro, bem além da expectativa (-8,1%).

A safra de indicadores desta semana, com varejo ontem e seguro-desemprego hoje, reforça a resiliência da economia americana e traz dúvidas sobre a possibilidade de o Fed reduzir a taxa básica ainda no primeiro trimestre, diz Quartaroli, do Ouribank. As chances de início de ciclo de cortes em março, que já chegaram a superar 80%, agora estão pouco acima de 50%, segundo monitoramento de plataforma do CME Group.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressalta que outros indicadores divulgados ao longo deste mês, como o relatório de emprego (payroll) e o índice de preços ao consumidor (CPI) referentes a dezembro, já traziam dúvidas sobre o grau de desinflação da economia americana. Além disso, há preocupação de que o conflito na região do Mar Vermelho, no Oriente Médio, possa em algum momento possam provocar problemas na cadeia de produção global, pressionando a inflação.

“Com esse cenário, o Fed tende a ser mais cauteloso. Se reduzir os juros já em março, corre o risco de ver a inflação deixar de ceder e ter que voltar a subir, o que pode afetar o ‘soft landing'”, diz Velloni, acrescentando que uma visão mais clara sobre o estado da economia americana virá a divulgação do CPI e do payroll referentes a janeiro e fevereiro.

À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que mudou sua expectativa para início de ciclo de cortes de juros nos EUA, do quarto trimestre para o terceiro. E acrescentou que se a inflação vier aquém do esperado pode “ficar confortável em defender uma normalização mais cedo do que no terceiro trimestre”.

Por aqui, o Banco Central informou que o fluxo cambial foi positivo em US$ 5,637 bilhões na semana passada (entre 8 e 12 de janeiro), com entradas líquidas de US$ 5,269 bilhões pelo canal financeiro e de US$ 368 milhões via comércio exterior. Com isso, o fluxo total acumulado em janeiro (até o dia 12) passou a ser positivo em US$ 3,575 bilhões.