22/01/2024 - 17:30
O Tesouro Nacional fechou a captação externa de US$ 4,5 bilhões na tarde desta segunda-feira, 22. Foi a maior oferta feita em um só dia de forma “pura”, sem trocas de títulos. A emissão chegou a ter demanda total de US$ 14 bilhões, de acordo com pessoas do governo e do mercado que acompanharam a operação.
Volume similar só foi verificado em julho de 2005, quando o Brasil vendeu o equivalente a US$ 4,5 bilhões. Apesar do valor ser igual, o A-Bond 2018 emitido na ocasião foi uma oferta de troca de títulos. Em termos individuais, o Tesouro emitiu um título de 30 anos em 2019, que atingiu US$ 2,5 bilhões.
Mais cedo, nesta segunda, o Tesouro anunciou a emissão de títulos em dólares com benchmark (referência) de dez e 30 anos no mercado externo. Foram lançados os títulos com vencimento em 2034 e 2054.
A demanda ficou bem distribuída nos dois vencimentos. O Tesouro captou US$ 2,25 bilhões em títulos de dívida (bonds) de dez anos a taxa de 6,35%. Com papéis de 30 anos, foram captados US$ 2,25 bilhões, com taxa de 7,15%.
Por conta da forte demanda, ambos ficaram abaixo do chamado Initial Price Thought (IPT), a primeira referência de taxas para testar o interesse pelos títulos, que foi de 6,625% e 7,500%, respectivamente.
Em apenas um dia, o Tesouro superou o montante somado das duas emissões realizadas no ano passado. Em novembro, na última emissão soberana do Brasil, a taxa ficou em 6,50% em um títulos verdes de sete anos. Na ocasião, o Brasil captou US$ 2 bilhões. Já em abril de 2023, o Tesouro captou US$ 2,25 bilhões em títulos de dez anos, com taxa de 6,15%. Naquele momento, os juros subiam na economia mundial.
A operação nesta segunda foi liderada pelos bancos Citigroup, Scotiabank e UBS Investment Bank.
“O objetivo da operação é dar continuidade à estratégia do Tesouro Nacional de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira”, destacou o Tesouro, em comunicado.
Há a expectativa de que novas emissões ocorram neste ano, inclusive uma segunda rodada de títulos sustentáveis. Esses papéis com “pegada ambiental e social” foram considerados um “sucesso” porque as taxas obtidas com a operação ficaram muito próximas das alcançadas por países que são classificados como grau de investimento.
O Tesouro se prepara para fazer uma nova captação deste tipo a partir de maio.
Em 19 de dezembro, a S&P Global elevou o rating de escala de longo prazo do Brasil de BB- para BB, e manteve a perspectiva em estável.
A nota ainda está a dois degraus de distância do grau de investimento. A Fitch, que havia elevado a nota do Brasil em julho, reafirmou o rating BB do País também no mês passado. A Moody’s já era a agência de risco com a maior nota concedida ao Brasil.