17/02/2024 - 9:00
O começo de 2024 foi tomado por uma onda de otimismo quando o assunto se refere à indústria automotiva nacional. Um marco disso foi, no início de fevereiro, o anúncio do aporte de R$ 9 bilhões para o mercado brasileiro e América Latina da Volkswagen. O valor, somado aos R$ 7 bilhões já anunciados anteriormente, chega aos R$ 16 bilhões até 2028.
“Estamos dando sinais claros da nossa confiança institucional neste país. E, mais do que isso, do potencial de crescimento da indústria, que representa 20% do PIB industrial brasileiro”, afirmou o presidente da Volkswagen da América do Sul, Alexander Seitz, à imprensa.
O fato chamou atenção por ser o maior investimento entre as montadoras recentemente divulgados para o país. No entanto, ele não é o único. Trata-se de apenas uma parcela dos R$ 48,4 bilhões previstos e já anunciados pelas companhias no Brasil até 2032.
Montadoras
Além da alemã, a lista de investimentos englobam: Great Wall Motors (R$ 10 bilhões até e 2023 e 2032); Renault (R$ 5,1 bilhões de 2021 a 2027); Caoa Chery (R$ 4,5 bilhões entre 2021 e 2028); BYD (R$ 3 bilhões de 2024 e 2030); Nissan (R$ 2,8 bilhões de 2023 a 2025); e GM R$ 7 bilhões até 2028).
Veja abaixo um raio-x de cada empresa:
Great Wall Motors
A chinesa GWM pretende realizar um aporte de R$ 10 bilhões no mercado brasileiro. Serão dois ciclos de investimento em sua futura fábrica em Iracemápolis (SP): cerca de R$ 4 bilhões de 2022 a 2025 e R$ 6 bilhões entre 2026 e 2032, com a expectativa de geração de 2 mil empregos diretos até 2025.
Apesar da inauguração para 1º de maio ser adiada, a expectativa é que a montadora inaugure sua fábrica em solo nacional ainda em 2024. A operação será dedicada exclusivamente à produção de veículos híbridos e elétricos.
General Motors
A General Motors vai colocar R$ 7 bilhões para a primeira fase de seu novo ciclo de investimento em suas operações no Brasil. O valor será aplicado no período de 2024 a 2028, com foco na “mobilidade sustentável”. Isso vai abranger a renovação completa do portfólio de veículos, desenvolvimento de tecnologias (e customizadas para o mercado local), além da criação de novos negócios. Para isso, as plantas receberão atualizações.
Renault
A Renault confirmou o aporte de R$ 2 bilhões para a produção de um novo SUV no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, no Paraná.
Caoa Chery
A Caoa Chery revelou um investimento de R$ 3 bilhões para os próximos 5 anos. Com o investimento, a empresa vai aumentar a produção dos veículos, em especial do modelo Tiggo5X Sport – que terá sua capacidade ampliada em 150%, além da multiplicação do número de postos de emprego.
BYD
Como anunciado em julho, a BYD promete investir R$ 3 bilhões, com a expectativa de geração de cerca de 5 mil empregos. O investimento revelado corresponde ao que a companhia chama de “primeira fase do projeto”.
A previsão é de que a planta entregue o primeiro veículo entre o final de 2024 e início de 2025. O complexo tecnológico vai produzir chassis de ônibus elétricos, caminhões elétricos e carros de passeio (elétricos e híbridos).
Nissan
A Nissan tem como plano de investimentos até 2025 o aporte de R$ 2,8 bilhões, para produzir dois novos SUVs, além de montar um motor turbo. Isso permitirá a instalação, por exemplo, de novos equipamentos, além de ampliações na linha de produção e a evolução de processos no complexo da Nissan em Resende (RJ).
Anfavea soma R$ 100 bilhões
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) deu início em sua coletiva mensal de imprensa de fevereiro com a participação do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Nela, a entidade afirmou que os aportes podem chegar a quase R$ 100 bilhões no atual ciclo. Para isso, ela levou em consideração os investimentos em curso de montadoras instaladas no país, de novos entrantes e do setor de autopeças. A Anfavea ressalta que esse valor deve crescer em breve com novos anúncios.
Governo comemora
De acordo com o governo federal, isso significa a melhora do ambiente econômico brasileiro, a promulgação da reforma tributária e o lançamento da “Nova Indústria Brasil”, com investimentos públicos e ações previstas para o desenvolvimento industrial ao longo da próxima década.
Vale lembrar que o governo anunciou, no dia 22 de janeiro, um plano de investimentos para a indústria nacional, denominada de “Nova Indústria Brasileira”, elaborada pelo CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
A medida prevê um aporte da ordem de R$ 300 bilhões até 2026 para promover a reindustrialização do país, e tem como metas a sustentabilidade, inovação, além, claro, de promover novos empregos.
Fenabrave prevê 12% de crescimento
Outro indício de otimismo é que a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) prevê um aumento de 12% em vendas para 2024. A entidade que representa o setor projeta 2.440.887 unidades emplacadas para automóveis e comerciais leves.
“Estamos prevendo uma possível melhora na oferta do crédito, assim como um ambiente positivo na indústria, que terá mais incentivos para o desenvolvimento de novos produtos, a partir do Programa MOVER, recém- anunciado pelo governo”, analisa Andreta Jr., Presidente da Fenabrave.
Programa Mover
Em 30 de dezembro, o governo federal também lançou o “Mover”, programa nacional de mobilidade verde e inovação. Trata-se de uma nova fase do antigo Rota 2030, no qual vai contar com um incentivo fiscal de R$ 19 bilhões até 2028. Com a medida, o objetivo é ampliar a descarbonização da frota e estimular a produção de novas tecnologias, seja para carros de passeio, ônibus e caminhões.
De acordo com o executivo, a MP do Mover cria o chamado FNDIT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico), que será gerenciado pelo BNDES e sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Mercado eletrificado
Para a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), a medida é positiva e dá previsibilidade para que as empresas do setor invistam em peças e veículos híbridos e elétricos.
“A grande novidade para as empresas associadas da ABVE, que já estão produzindo no Brasil e outras que estão trazendo investimento para cá, é a inclusão da eletromobilidade dentro das condições de incentivo da condição local”, afirma Ricardo Bastos, presidente da associação.