27/02/2024 - 17:00
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que o governo precisa assumir que há uma crise em curso na agropecuária. “Tenho conversado isso com Ministério da Agricultura. O primeiro ponto é o governo assumir e indicar que estamos em uma crise e que vamos precisar de um montante razoável e importante de recursos para compensar essa crise, seja no Plano Safra, seja no seguro”, disse Lupion em coletiva de imprensa após reunião semanal da bancada. “Precisamos sentar com o governo e achar solução para o setor, deixar de lado quem é culpado pela crise”, acrescentou.
Segundo Lupion, ainda não é possível estimar o montante que será necessário para renegociação de dívidas e prorrogação de financiamentos dos produtores rurais porque a safra de grãos, sobretudo a colheita de soja, ainda está em andamento. “Precisamos ainda calcular as previsões. Há um gap enorme entre os números da Aprosoja, por exemplo, e os da Conab”, comentou. A Aprosoja estima safra brasileira de soja em 135 milhões de toneladas, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê safra de 149,4 milhões de toneladas.
Lupion acrescentou que há uma crise de rentabilidade na agropecuária com os preços dos grãos não cobrindo o custo de produção. “O produtor plantou soja a R$ 140 por saca e agora está vendendo a R$ 90 por saca. Haverá um impacto de 20 milhões de toneladas a menos na safra com quebra de safra. Precisamos ter uma análise mais clara da safra, pois alguns Estados estão com alto índice de produtividade e outros com quebra”, apontou.
Segundo ele, mesmo com a safra ainda em andamento, já está posto que o parte dos produtores rurais não conseguirá cumprir financiamentos assumidos. “O que temos hoje é que produtores não estão conseguindo cumprir compromissos e pagar dívidas. Vemos o produtor em dúvida se terá como aplicar ou endividar mais com compra de equipamentos e insumos”, acrescentou. O presidente da FPA destacou que a conjuntura atual do setor deve se estender ainda para 2025 e 2026. “É uma crise grande e que vai durar além deste ano. Teremos que reequilibrar o jogo. Não chegamos ao fundo do poço, mas vamos chegar”, pontuou.