O juízo da 2.ª Auditoria Militar de São Paulo colocou no banco dos réus quatro militares do Exército e quatro civis por crimes relacionados ao furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na Grande São Paulo. Os militares – um tenente-coronel, um primeiro-tenente e dois cabos – são acusados de peculato-furto e inobservância da lei por tolerância e negligência.

Respondem à ação o cabo Vagner da Silva Tandu, que atuava como motorista para o comandante e é acusado de peculato-furto; o cabo Felipe Ferreira Barbosa, acusado de peculato-furto; o primeiro-tenente Cristiano Ferreira, acusado de peculato culposo e inobservância de lei, regulamento ou instrução cometida por tolerância; e o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, afastado da diretoria do Arsenal de Guerra por ordem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, acusado de inobservância de lei, regulamento ou instrução, por negligência. O Estadão não conseguiu contato com a defesa dos réus.

Foragidos

Os outros quatro réus são civis e considerados foragidos da Justiça. Os investigadores ainda executam diligências para apurar em detalhes sua participação no crime. Eles teriam comprado, guardado e ajudado a vender as metralhadoras levadas do Arsenal de Guerra.

A Justiça Militar decretou a prisão preventiva dos cabos Tandu e Barbosa em razão da participação direta no crime. Com o recebimento da denúncia, terá início o trâmite da ação, com a citação e o interrogatório dos réus; oitivas de testemunhas; eventuais requerimentos de diligências pelas partes; alegações e, ao fim, julgamento.

Conforme a denúncia, Tandu e Barbosa puseram as armas furtadas – 13 metralhadoras .50 M2 HB Browning, 8 metralhadoras 7,62 M971 MAG e 1 fuzil 7,62 M964 – na caçamba de uma caminhonete, ocultando com a cobertura da parte traseira do veículo. Tandu foi quem dirigiu o veículo para fora do depósito da reserva de armamento da Seção de Recebimento e Expedição de Material do Arsenal de Guerra de São Paulo.

O crime foi descoberto em outubro, durante inspeção no Arsenal de Guerra de Barueri e levou ao aquartelamento de quase 500 militares durante vários dias. Foi confirmado durante o inquérito que o furto ocorreu no dia 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil.

Das armas furtadas, 19 já foram recuperadas pelo Exército e pela Polícia de São Paulo. Oito metralhadoras foram localizadas na zona oeste do Rio, em área ocupada por milícia que se aliou ao Comando Vermelho. Outras nove armas que estavam sendo negociadas com o PCC foram encontradas em uma área de lamaçal em São Roque, próximo do município de Sorocaba, no interior paulista. Mais duas foram localizadas no Rio e outras duas seguem desaparecidas.

Na esfera administrativa, 38 militares foram punidos com prisões disciplinares que variam de 1 a 20 dias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.