07/03/2024 - 17:53
O influenciador financeiro Augusto Backes, que fala sobre criptomoedas e investimentos em seus canais de divulgação, perdeu US$ 208 mil (cerca de R$ 1 milhão) em ativos digitais após ser alvo de um suposto ataque virtual. Backes afirma que clicou em um link recebido por e-mail e imediatamente sua carteira de ativos digitais foi hackeada. Entenda a história e veja como se proteger de golpes virtuais como esse.
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Backes tem 260 mil seguidores no Instagram, além de 364 mil inscritos em seu canal no YouTube. Ele produz diariamente vídeos com dicas e orientações sobre como investir e entrar no mercado de criptoativos.
Em um vídeo divulgado no seu canal no YouTube, ele conta que clicou em um e-mail falso de um projeto cripto desconhecido chamado Blast, que recentemente anunciou um airdrop (distribuição gratuita de tokens). Backes havia inscrito uma de suas carteiras de criptomoedas para receber os ativos digitais gratuitos.
“Recebi um e-mail da Blast, ou ao menos parecia ser um e-mail, já o que o site era idêntico ao da empresa original, cliquei no air tokens, assinei a transação e o negócio engoliu tudo. Todos os meus tok renders”, conta Backes durante o vídeo.
Essa não foi a primeira vez que o influencer foi hackeado. Em 2020, ele já havia sofrido um golpe que o tirou 4,5 bitcoins, que na época significavam pouco mais de R$ 150 mil reais.
“A primeira sensação é um baque! Me perguntei como uma pessoa experiente como eu cai num golpe de phishing como esse. Mas quero que isso sirva de lição para todos que me seguem”, afirmou, no vídeo, Backes.
Phishing é um ataque que tenta roubar seu dinheiro ou a sua identidade digital fazendo com que você revele informações pessoais, tais como números de cartão de crédito, informações bancárias ou senhas em sites que fingem ser legítimos.
Ao todo, o influencer perdeu pouco mais de US$ 66 mil em tokens Pendle (PENDLE), US$ 38 mil em Render (RNDR), US$ 28,7 mil em Chainlink (LINK), US$ 25,3 mil em SideShift Token (XAI), US$ 19 mil em BitStable (BSSB), entre outros criptoativos.
No vídeo em que explica a situação, Backes diz que quer aproveitar o caso para orientar seus seguidores a não cair na mesma cilada.
“Essa perda não me fará falta no futuro próximo, mas fica a lição. É mais um ‘diploma’ que eu precisava. Não vou tomar medidas vingativas, mas vou aproveitar esse momento para orientar meus seguidores a não cair em golpes como o que caí”, conta.
Criminosos lavaram bilhões em criptos em 2023
Recentemente, a Chainalysis o relatório Crypto Crime Report 2024, no qual afirma que cerca de US$ 22,2 bilhões em criptomoedas foram lavados por criminosos em 2023 – queda de 30% na comparação com o recorde histórico de US$ 31,5 bilhões de 2022.
Segundo os pesquisadores da empresa, que rastreiam os fundos por meio das blockchains, as exchanges centralizadas continuam a ser o principal meio de off-ramping (conversão de criptomoedas em moedas fiduciárias tradicionais) – sendo destino de 62% de todos os fundos que saem de carteiras ilícitas.
A lavagem de fundos de criptomoedas geralmente é concentrada em um número relativamente limitado de exchanges. Em 2023, a grande maioria (72%) dos fundos ilícitos lavados foram para apenas cinco serviços de off-ramping, contra 69% no ano anterior.
Uma tática que vem sendo utilizada por criminosos para ofuscar sua atividade é a difusão de fundos por meio de vários endereços de depósito (semelhantes a contas bancárias em sistemas financeiros tradicionais). Em 2023, 1.425 endereços receberam mais de US$ 1 milhão em criptomoedas de forma ilícita, totalizando US$ 6,7 bilhões até dezembro, o que representa 46% de todo o valor ilícito recebido pelas exchanges no ano.
“Esta também pode ser uma estratégia para diminuir o impacto do congelamento de qualquer endereço por atividades suspeitas”, explica explica a diretora de pesquisa da Chainalysis, Kim Grauer.
Destaques do relatório da Chainalysis
- As receitas de golpes (scamming) e hacks que utilizam criptomoedas caíram 29,2% e 54,3%, respectivamente entre 2022 e 2023;
- Os golpes foram mais uma vez um dos maiores impulsionadores das atividades criminosas com cripto, com carteiras suspeitas recebendo pelo menos US$4,6 bilhões em 2023;
- Os golpes românticos (também conhecidos como golpes de abate de porcos), em particular, cresceram significativamente em 2023, mais do que dobrando as receitas ante 2022. Os dados sugerem que a atividade de golpes românticos aumentou 85 vezes desde 2020;
- A Chainalysis identificou uma queda de 38% no valor recebido em criptomoedas por endereços ilícitos no último ano, de US$ 39,6 bilhões em 2022 para US$ 24,2 bilhões;
- Volume de transações ilícitas representou apenas 0,34% do total movimentado em blockchain no último ano (esse montante era de 0,42% em 2022);
- Bitcoin continua perdendo espaço como criptomoeda favorita dos maus agentes, e é usado em menos de 25% das transações ilícitas. Enquanto isso, stablecoins ganham terreno.
Dicas para evitar cair em golpes
Segundo o especialista Caio Motta, Senior Customer Success Manager para América Latina da Chainalysis, é sempre importante evitar clicar em links ou compartilhar informações ao receber um e-mail ou mensagem de texto não solicitados.
Mesmo que o e-mail pareça legítimo, existe a possibilidade de ser um golpista se passando por um projeto ou empresa com a qual você está familiarizado. Também é importante prestar muita atenção às permissões que você está concedendo ao assinar uma transação. Dependendo das permissões concedidas, você pode estar dando acesso total às suas criptomoedas.
“Antes de assinar uma transação, certifique-se de analisar a legitimidade da solicitação verificando os detalhes do e-mail – como URL e remetente. Fique atento a erros de digitação e tenha cuidado com autorizações excessivas. Muitos golpistas também tentam provocar um senso de urgência oferecendo uma oportunidade falsa por tempo limitado. Não caia nessa, reserve um tempo para analisar todos os detalhes da transação antes de aprová-la”, diz Motta.
Além disso, ele recomenda que o detentor dos ativos faça sua própria pesquisa sobre a empresa ou projeto no qual está interessado. Vale analisar os dados públicos, investigar o passado da empresa e, o mais importante, não acreditar em lucros extraordinários. “Na maioria das vezes essas promessas são boas demais para serem verdade”, complementa.